Pavimento que gera electricidade vence prémio internacional

A Pavnext capta a energia cinética dos veículos e transforma-a em energia eléctrica que pode ser usada para iluminar as estradas. A startup portuguesa foi premiada no Climate Launchpad

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Zachary Staines/ Unsplash

A Pavnext, uma startup portuguesa que criou um pavimento tecnológico como alternativa às lombas de redução de velocidade, ganhou, esta quarta-feira, 18 de Outubro, um dos cinco prémios paralelos à competição principal do Climate Launchpad, o “maior concurso de ideias de combate às alterações climáticas do mundo”.

O equipamento foi pensado para ser incorporado em zonas de estradas que exijam uma circulação com velocidade reduzida, mas vai mais longe do que as lombas já existentes — e sem causar desconforto. “Com este sistema, o carro é obrigado a circular mais devagar, mesmo que o condutor não trave”, explica ao P3 Francisco Duarte, que acaba de aterrar no Porto, vindo do Chipre, onde se realizou a final internacional da competição. Além de obrigar a travar, a tecnologia capta a energia cinética do veículo e converte-a, com uma “elevada eficiência”, em energia eléctrica. Esta pode, depois, entre outras aplicações, ser usada para iluminar a rua, os semáforos, as passadeiras ou, ainda, “ser injectada na rede eléctrica”. Isto sem “causar impacto no veículo e nos seus ocupantes” ou no ambiente, diz Francisco, uma vez que o processo não tem “emissões associadas”.

A Pavnext — Pavement Energy Efficient Extractor também “contribui para a segurança rodoviária” porque recolhe “dados de velocidade e tráfego”, bem como de “energia gerada e consumida”, o que pode fornecer informações importantes “em tempo real” sobre a circulação rodoviária e o consumo energético para as “cidades inteligentes”.

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Francisco Duarte, na apresentação da Pavnext na final do concurso, no Chipre Climate Launchpad

O projecto está a ser explorado no doutoramento do engenheiro electromecânico de 33 anos, em parceria com o MIT Portugal e a Universidade de Coimbra, mas o objectivo é que não termine com a entrega da tese. Francisco quer, até ao final de 2018, ter “tudo pronto para começar a entrar no mercado” e já terminou a primeira fase de testes, em ambiente interior. A fase seguinte é testar o protótipo, até ao fim de 2017, numa estrada real que ainda vai ser escolhida com a autarquia de Cascais, a primeira a interessar-se pelo projecto.

Além do prémio na categoria de Alterações Urbanas, no valor de 5000 euros, a startup incubada no UPTEC — Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto e no Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, foi uma das cinco ideias seleccionadas pela Startup League para ter um stand no Websummit, que decorre em Novembro, em Lisboa. Este é o quinto prémio do projecto, que já deu que falar em Julho último quando venceu o Big Smart Cities Portugal, no valor de 10.000 euros. 

No Chipre estiveram outras duas startups portuguesas que se ficaram pela semifinal: a Mater Dynamics, vencedora do primeiro prémio na fase nacional do concurso em Junho e a WEStoreOnTEX, que ficou em segundo. Cláudia Silva, uma das responsáveis do Climate Launchpad em Portugal, diz que, com base na final internacional de 2016, havia a “consciência de que os três finalistas portugueses eram muito fortes” e “possíveis candidatos ao top 15”.

O primeiro prémio, no valor de 10.000 euros, foi entregue à startup queniana Bio Alkanol Gel, que apresentou uma ideia de negócio baseada numa nova tecnologia para obter combustível líquido a partir de resíduos. Na quarta edição do concurso internacional, que se realizou a 17 e 18 de Outubro, em Limassol, no Chipre, participaram 105 ideias de negócios amigos do ambiente, oriundas de 35 países.

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