A zarzuela que corre no sangue de Luís Gomes deu-lhe dois prémios no Operalia

O concurso Operalia 2018 teve como grande vencedores Emily D’Angelo e Pavel Petrov.

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O tenor português Luís Gomes, vencedor do Prémio Zarzuela e do Prémio do Público para melhor voz masculina BRUNO SIMÃO
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A meio-soprano Emily D’Angelo, principal vencedora do Operalia 2018 nas categorias femininas BRUNO SIMÃO
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O tenor bielorusso Pavel Petrov, principal vencedor do Operalia 2018 nas categorias masculinas BRUNO SIMÃO
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Plácido Domingo dirigiu a Orquestra Sinfónica Portuguesa na final deste domingo BRUNO SIMÃO
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No intervalo da final, uma pequena multidão rodeou ansiosamente as urnas de voto disponíveis no foyer BRUNO SIMÃO
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No intervalo da final, uma pequena multidão rodeou ansiosamente as urnas de voto disponíveis no foyer BRUNO SIMÃO

A meio-soprano Emily D’Angelo, representando simultaneamente o Canadá e a Itália, e o tenor Pavel Petrov, da Bielorrússia, foram os vencedores do Primeiro Prémio do Operalia, o prestigiado concurso internacional de canto lírico fundado por Plácido Domingo. A sua 26.ª edição, a primeira a ter lugar em Portugal, despertou grande entusiasmo do público, que esgotou o Teatro Nacional de São Carlos na final de domingo. D’Angelo conseguiu o feito raro de acumular quatro distinções, já que obteve também o Prémio do Público para melhor voz feminina, o Prémio Zarzuela e o Prémio Birgit Nilsson (dedicado ao repertório germânico de Richard Strauss e Wagner), este último ex-aequo com a meio-soprano norte americana Samantha Hankey. O único finalista português, o tenor Luís Gomes, venceu o Prémio Zarzuela (ex-aequo com Pavel Petrov) e o Prémio do Público para a melhor voz masculina.

Conforme Luís Gomes tinha dito ao PÚBLICO, para além da ópera italiana, a zarzuela é um género que lhe “corre no sangue”. A desenvoltura, a forte entrega emocional e a sintonia estilística que demonstrou com este género lírico espanhol, quando interpretou a ária La roca fría del calvario, de La dolorosa, de Serrano,  conduziram a que fosse o primeiro cantor português a ser premiado na história do Operalia. A 12 de Outubro será possível voltar a ouvi-lo no palco do São Carlos como um dos solistas do Stabat Mater, de Dvorák, e pouco tempo depois cantará o papel de Alfredo Germont em La Traviata, de Verdi, no Coliseu do Porto.

Emily d’Angelo, que tem apenas 23 anos, surpreendeu pela versatilidade estilística, mostrando-se igualmente à-vontade numa ária barroca tão virtuosística como Dopo notte, da Ariodante de Handel (originalmente dedicada ao castrato Carestini), e na zarzuela de Chapì, bem como no repertório germânico de Richard Strauss. Fez a sua estreia operática profissional em 2016, como Cherubino (em As Bodas de Fígaro, de Mozart) no Festival dei Due Mondi de Spoleto e é membro do Lindemann Young Artists Programme da Metropolitan Opera. Na próxima temporada cantará com a Canadian Opera Company e na Berlin Staatsoper Unter den Linden.

Pavel Petrov distinguiu-se pela beleza do timbre e pelas suas grandes capacidades expressivas e dramáticas numa tocante interpretação da famosa ária Che gelida manina, de La Bohème de Puccini, tendo igualmente brilhado no universo da zarzuela. Estreou-se recentemente no Festival de Salzburgo no papel de Chaplitsky em A Dama de Espadas, de Tchaikovsky, e na Royal Opera House (como Pong na Turandot), e cantará pela primeira vez na Austrália na próxima temporada.

Os 14 finalistas foram acompanhados pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, dirigida por Plácido Domingo, mas o grande tenor espanhol fez questão de também agradecer publicamente aos pianistas que serviram de suporte aos participantes nas eliminatórias (Israel Gursky, Myra Huang, Nino Sanikidze e Tamara Sanikidze). No intervalo, o público aderiu em massa ao apelo feito por Domingo para que votasse no seu cantor e na sua cantora preferidos e uma pequena multidão rodeou ansiosamente as urnas de voto disponíveis no foyer. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também marcou presença e subiu mesmo ao palco para congratular Plácido Domingo (que tinha condecorado poucos dias antes com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública) e os cantores participantes.

O Operalia tem impulsionado a carreira de numerosos jovens intérpretes, mas a maioria dos candidatos seleccionados iniciou já um percurso de relevo. O concurso abre outras portas, até porque o júri é formado por gestores culturais e directores artísticos dos principais teatros mundiais. Tendo em conta o alto nível da competição, vale a pena ficar atento às carreiras não só dos vencedores dos primeiros lugares mas também aos restantes laureados. Nesta edição foram também distinguidos os tenores russos Migran Agadzhanyan (2º prémio) e Arseny Yakovlev (3º prémio) e estiveram em evidência as vozes de meio-soprano de Samantha Hankey (2º prémio), Rihab Chaieb (3º prémio) e Josy Santos (Prémio CulturArte), oriundas respectivamente dos EUA, do Canadá e do Brasil.

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