Faculdade de Medicina em Tóquio avalia mal as candidatas com a intenção de não as admitir

Esquema foi descoberto através de uma investigação interna. O objectivo é que as mulheres não ultrapassem a quota de 30%.

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Porta-chaves da organização "Matahara net" que apoia as mães que regressam ao trabalho no Japão Yuya Shino

A Unievrsidade de Medicina de Tóquio prejudicou sistematicamente as candidatas, através da má cotação dos seus exames, com o objectivo de as manter fora da escola e aumentar o número de médicos do sexo masculino. 

Apesar de Shinzo Abe, o primeiro-ministro japonês, ter como prioridade uma sociedade “onde as mulheres podem brilhar”, estas continuam a lutar contra preconceitos e obstáculos que lhes são postos em termos profissionais, por exemplo, as japonesas têm grandes dificuldades em regressar ao trabalho depois de serem mães e essa é uma das razões por que adiam a maternidade. Recorde-se que a taxa de natalidade do Japão é um dos temas mais preocupantes do país.

Agora, há um exemplo concreto de que as dificuldades podem começar antes, ainda na altura da formação. O jornal Yomiuri Shimbun, citado pela Reuters, revela que numa investigação interna na Universidade de Medicina de Tóquio foram descobertas alterações na pontuação dos exames das candidatas com o sentido de as prejudicar, acabando por não serem admitidas. 

A partir de 2011, a universidade começou a reduzir o número de candidatas, mantendo o número de alunas na casa dos 30%, depois de o número de raparigas admitidas ter crescido no ano anterior. A justificação da escola é simples: elas acabam por abandonar a prática médica depois de se casarem e terem filhos. Logo, não faz sentido apostar na sua formação.

A investigação surgiu não por queixa de nenhuma candidata mas por suspeitas de prática de suborno para admitir o filho de um alto funcionário do Ministério da Educação. Foi no decorrer desta investigação, que ainda não está terminada, que as alterações aos exames das candidatas àquela escola foram descobertas.