Multinacional tem de pagar 4000 milhões de dólares a mulheres com cancro que se queixaram do pó de talco

Tribunal do Missouri condenou a multinacional a pagar mais de quatro mil milhões de euros a mulheres que desenvolveram cancro depois de usar produtos da marca. Especialistas ouvidos em tribunal dizem que pó talco da marca tem amianto.

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Johnson & Johnson foi condenada a pagar mais de quatro mil milhões de euros em indemnizações REUTERS/Lucas Jackson

A multinacional norte-americana Johnson & Johnson foi condenada na quinta-feira a indemnizar em mais de quatro mil milhões de euros 22 mulheres que afirmaram ter cancro do ovário por utilizarem produtos da marca.

O veredicto foi conhecido depois de seis semanas de testemunhos e alegações por parte de especialistas da defesa e da acusação, num tribunal de Saint Louis, no estado do Missouri, nos Estados Unidos. A empresa foi processada por mais de nove mil mulheres que afirmaram que o pó de talco contribuiu para o desenvolvimento do cancro do ovário — sendo que seis das 22 queixosas morreram.

Durante o julgamento, especialistas médicos confirmaram que o amianto, conhecido cancerígeno, é misturado com o talco mineral, principal ingrediente do pó talco da Johnson & Johnson (J&J). De acordo com o principal advogado da acusação, Mark Lanier, "a multinacional encobriu provas da existência de amianto nos produtos durante mais de 40 anos". Desde os anos de 1970 que a empresa sabia que o pó de talco tinha amianto, mas não avisou os consumidores. 

A acusação garantiu que foram encontradas fibras de amianto e partículas de talco nos tecidos dos ovários de muitas mulheres.

"A Johnson & Johnson continua confiante de que os seus produtos não contêm amianto e não causaram cancro. Vamos prová-lo", respondeu a porta-voz da empresa, Carol Goodrich. A empresa vai recorrer da decisão do tribunal, que crê ter sido "fundamentalmente injusto". 

"Esperamos que este veredicto chame a atenção da direcção da J&J e que a leve a informar melhor a comunidade médica e o público sobre a ligação entre o amianto, o talco e o cancro do ovário", disse Lanier, pedindo a retirada do produto do mercado antes que cause "mais angústia e vítimas desta doença terrível".

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