Estudo questiona utilidade da quimioterapia na forma mais comum de cancro da mama

Autores do estudo questionam necessidade do recurso à quimioterapia em dezenas de milhares de casos anuais.

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O estudo envolveu cancros em fase inicial, antes de se espalharem aos gânglios linfáticos FERNANDO VELUDO/ NFACTOS

O maior estudo alguma vez realizado sobre tratamentos de cancro da mama concluiu que 70% das mulheres com a forma mais comum da doença podem prescindir da quimioterapia sem afectar as suas hipóteses de tratar a doença.

Os autores do estudo estimam que cerca de 70 mil doentes, nos Estados Unidos e noutros locais, são submetidos a quimioterapia desnecessariamente todos os anos. 

No âmbito deste estudo foram realizados testes genéticos a 10.273 mulheres, explica a BBC. Este teste é feito através de uma biópsia numa fase inicial da doença. Neste estudo, os investigadores focaram-se apenas em tumores que ainda não chegaram aos gânglios linfáticos, alimentados por hormonas e que não são alvos do medicamento Herceptin. Foram analisados os níveis de actividade de 21 genes que funcionam como marcadores para se estabelecer o grau de agressividade do cancro e foi determinado que as mulheres que tinham uma pontuação alta no teste necessitavam de ser submetidas a quimioterapia, mas as que tinham uma pontuação baixa ou intermédia não – nestes casos a cirurgia e a bloqueadores hormonais serão suficientes. 

Actualmente, muitas mulheres com uma pontuação intermédia são tratadas com quimioterapia, mas que essa não será, necessariamente, a solução ideal. O estudo conduzido pelos investigadores do Centro Oncológico Albert Einestein, em Nova Iorque, determinou que, nesses casos, as hipóteses de sobrevivência não aumentam com a quimioterapia. A taxa de sobrevivência passados nove anos era de 93,9% junto das mulheres que não fizeram quimioterapia e 93,8% junto das mulheres que fizeram.

A quimioterapia é usada frequentemente depois de cirurgias de remoção de tumores, para reduzir as hipóteses de metástases ou de reincidência da doença.

Os resultados do estudo são discutidos neste domingo numa conferência sobre cancro em Chicago e são publicados no jornal científico New England Journal of Medicine. com Lusa

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