IPO de Lisboa não tem capacidade para fazer exames de vigilância a quem já teve cancro

No final de Abril, havia 450 mulheres que estavam há mais de 12 meses à espera para fazer uma mamografia ou uma ecografia, diz o Diário de Notícias.

Foto
Por ano, são detectados mil novos casos de cancro da mama no IPO de Lisboa Fabio Augusto

O Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa está a encaminhar mulheres que precisam de fazer exames por terem tido cancro da mama para centros de saúde porque o número de pedidos que recebe é superior ao número de vagas que tem disponíveis. A notícia é avançada esta sexta-feira pelo Diário de Notícias (DN), que teve acesso a um documento interno do IPO em que são assumidas as dificuldades.

Como admitem que não conseguem assegurar as mamografias de vigilância a 12 meses a utentes que ainda não tiveram alta ao fim de cinco anos de cirurgia, a solução passa por sugerir que contactem os médicos de família para fazerem as mamografias noutro local.

Um dos casos apresentados no jornal é o de Ana Sofia Rosa, uma utente que ainda não teve alta do IPO depois de ter sido diagnosticada com cancro da mama há sete anos. “Devia fazer a mamografia agora, porque tenho consulta em Julho, mas nunca mais marcavam o exame, quando costumavam ser muito rápidos”, conta ao DN, dizendo que foi aí que se apercebeu de que algo estava errado.

Tal como Ana Sofia Rosa, há outros casos: no final de Abril, havia 450 mulheres que já tinham ultrapassado os 12 meses de espera para fazer uma mamografia ou ecografia. O próprio IPO admite que é impossível dar resposta a todos os pedidos de exames sem que haja atrasos. No hospital são detectados, por ano, mais de mil novos casos de cancro da mama.

“A marcação de mamografias e ecografias de seguimento está a ser feita de acordo com critérios de prioridade, salvaguardando a capacidade de o IPO garantir a realização dos exames necessários a todas as mulheres operadas há menos de cinco anos”, altura em que o risco de reincidência é mais elevado. A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar defende que devem ser os centros de saúde a seguir as pacientes operadas há mais de cinco anos ao cancro da mama, desde que sejam casos sem complicações.

Ouvido pelo DN, o presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Vítor Veloso, refere que esta “é mais uma situação preocupante, a juntar às listas de espera para cirurgia, às notícias de atraso nos tratamentos de quimioterapia do Santa Maria, aos doentes pediátricos tratados em corredores no São João”, tudo sinal de que “algo vai muito mal na saúde em Portugal”.

Sugerir correcção
Ler 6 comentários