Moção de Costa sem política de alianças

No documento de estratégia política para a próxima legislatura, António Costa não fala em maioira absoluta nem define política de alianças.

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António Costa não fala em alianças na próxima legislatura Rui Gaudêncio

A moção de estratégia de António Costa tem duas omissões com relevância política: maioria absoluta e política de alianças. O líder do PS nunca se refere a ganhar com maioria absoluta e apenas afirma que “da capacidade e da força do PS dependerá a concretização deste desígnio” de os socialistas conseguirem “reforçar as condições para que Portugal vença os desafios estratégicos da próxima década”.

O primeiro-ministro tem evitadoo tema. Em 27 de Março, em entrevista à Visão, afirmou: “Ninguém tem maioria absoluta por fazer ou não apelos. As pessoas têm maioria absoluta ou não consoante merecem ou não merecem, mas quem faz esse juízo são os eleitores.” Isto depois de, em Abril de 2017, à Rádio Renascença, ter tido o cuidado de referir que, “se nas próximas eleições", o PS tiver "maioria absoluta, ainda assim seria útil manter este modelo, que melhorou o nível da democracia”. Ou seja, a aliança parlamentar com o BE, o PCP e o PEV.

É neste domínio que surge a segunda omissão. Costa nada diz sobre futuras alianças políticas, nem à esquerda nem à direita. A única referência que faz aos seus actuais parceiros é para dizer: “Ao longo destes dois anos e meio fomos capazes de construir uma alternativa que provou ser estável e coerente, que rompeu o conceito de ‘arco da governação’ e acabou com o tabu das soluções governativas com apoio maioritário da esquerda, assim enriquecendo a nossa democracia.” Uma ideia que esteve presente em todos os seus documentos de candidatura à liderança desde as primárias de 2014. E que repetiu à Visão: “Como se costuma dizer, em equipa que ganha não se mexe. Por mim, não tornarei nenhuma iniciativa de alterar o que quer que seja.”

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