Tusk critica a "pura ilusão" da posição de Londres sobre o "Brexit"

“Peço-lhe, como bom amigo, que esclareça o mais rapidamente possível o que pretende", pediu Mark Rutte a May.

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Donald Tusk e Jean-Claude Juncker (em segundo plano)) FRANCOIS LENOIR/Reuters

Ao contrário dos restantes líderes europeus, que evitaram pronunciar-se sobre as questões relacionadas com o “Brexit” para além de reconhecer o impacto orçamental da saída do Reino Unido da União Europeia, o presidente do Conselho, Donald Tusk, lamentou esta sexta-feira que o Governo britânico mantenha a indefinição sobre a sua posição negocial e avisou que os 27 cumprirão o calendário, apresentando a sua posição sobre a relação futura no final de Março — “quer Londres esteja preparada ou não”.

“Se aquilo que lemos nos jornais for correcto, a posição do Governo britânico sobre a sua relação futura com o bloco europeu é baseada numa pura ilusão”, criticou Tusk na cimeira informar de líderes, em Bruxelas. Insistiu que desde o início a UE deixou muito claro que “não existe um mercado comum a la carte” e que Londres não pode eximir-se de cumprir as regras que a participação nesse espaço único implica. “Mas parece que a filosofia de ‘have your cake and eat it’ continua viva”, lamentou.

Tusk tem encontro marcado com a primeira-ministra britânica, Theresa May, na próxima quinta-feira. Um dia depois a líder conservadora apresenta finalmente a sua visão para a segunda fase das negociações com Bruxelas.

Na quinta-feira à noite, May reuniu o seu núcleo duro em Chequers (a residência de campo dos primeiros-ministros britânicos), para concertar a posição oficial do Governo, mas as conclusões desse conclave não foram divulgadas.

“Como não conhecemos os resultados da reunião da senhora May, não podemos fazer comentários”, disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que perante as insistências dos jornalistas não resistiu a deixar uma alfinetada: “Eu não sou o primeiro-ministro do Reino Unido. Seria bom para eles se eu fosse, mas não sou”, disse.

Mark Rutte, o primeiro-ministro holandês, repetiu o seu apelo a Theresa May. “Peço-lhe, como bom amigo, que esclareça o mais rapidamente possível o que pretende". Segundo Rutte, os 27 têm uma preferência por manter uma ligação “muito próxima” com o Reino Unido. Mas, lembrou, a permanência no mercado comum “acarreta certas obrigações. As regras são para cumprir”.

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