António Costa: Tirar ilações, sim; demitir a ministra, não

Em resposta a Marcelo, primeiro-ministro defende que "a grande responsabilidade política" do Governo é executar as recomendações do relatório. Para Costa, as pessoas não querem demissões mas a melhoria do combate aos incêndios.

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

António Costa promete "tirar todas as ilações, como disse o Presidente da República", do relatório de quase 300 páginas da comissão técnica independente que é demolidor sobre a actuação de todas as entidades públicas nos incêndios de Pedrógão Grande. Mas entre elas não está a demissão da ministra da Administração Interna, disse o governante esta tarde em Coimbra, quando entrava para a reunião da Comissão Nacional do PS.

O primeiro-ministro defendeu que “a grande responsabilidade política que o Governo tem hoje é dar execução àquilo que são as recomendações da comissão técnica independente”. E não a demissão da ministra, porque, vincou, “Não é isso que as pessoas esperam, mas sim uma melhoria dos sistemas de prevenção”. Costa garantiu que a demissão de Constança Urbano de Sousa “não” está em cima da mesa quando a pergunta lhe foi feita directamente pelos jornalistas.

"O que as pessoas esperam, seguramente, é que as recomendações que são retiradas do relatório tenham execução prática, que se traduzam numa melhoria do sistema de prevenção e combate aos incêndios", respondeu, admitindo, no entanto, que possam vir a ser apuradas também “responsabilidades individualizáveis” para além da investigação em curso que compete ao Ministério Público.

Sobre as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa ao fim da manhã, que em Pedrógão Grande disse que "Portugal aguarda com legítima expectativa as consequências que o Governo irá retirar de uma tragédia sem precedentes na nossa história democrática", António Costa admitiu que o Executivo deve tirar essas consequências para "honrar a memória dos que faleceram e prestar o devido respeito" às populações que estiveram ameaçadas pelo fogo e perderam os seus bens e à equipa de técnicos que elaborou o documento.

E desvalorizou qualquer recado mais crítico do Presidente da República considerando que Marcelo "reiterou aquilo que o Governo tem dito: que é fundamental retirarmos agora todas as ilações que há a retirar do relatório da comissão técnica independente".

O primeiro-ministro preferiu ainda desviar a interpretação das palavras do Presidente da República do espectro político puro para as políticas de Governo, lembrando que marcou para o próximo sábado (dia 21) um Conselho de Ministros extraordinário exclusivamente dedicado à análise deste relatório mas também sobre todo o sistema de prevenção e combate aos incêndios”.

Nessa altura, “o Governo tirará a conclusão sobre as medidas que entenda que devem ser tomadas para responder ao relatório", prometeu, insistindo, perante as perguntas dos jornalistas sobre "responsabilização política".

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