Detido ex-presidente da Petrobras e publicitário que fez campanha de Passos Coelho

Investigação da Lava-Jato chega a Aldemir Bendine, gestor fundamental dos presidentes Lula e Dilma, e a André Gustavo, especialista em marketing político que trabalhou para o PSD.

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Aldemir Bendine foi denunciado por Marcelo Odebrecht Paulo Whitaker/reuters

O ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine, gestor público fundamental durante as presidências de Lula da Silva e Dilma Rousseff, foi detido esta quinta-feira no âmbito da operação Lava-Jato. Bendine, que tem passaporte italiano, tinha viagem marcada para Portugal, só de ida, para sexta-feira, e as autoridades entenderam que havia risco de fuga.

Na mesma operação da Lava-Jato, foi preso o publicitário André Gustavo, que coordenou a campanha eleitoral do lider do PSD, Pedro Passos Coelho, nas legislativas de 2011. O nome de Gustavo surgiu há dois anos nesta abrangente investigação à corrupção que liga grandes empresas e políticos brasileiros.

O Ministério Público Federal descobriu que Bendine e Gustavo conversavam através da aplicação Wickr, que destrói automaticamente as mensagens; mas imprimiram algumas delas, e esses documentos serviram de provas para a operação que levou à sua detenção, diz o jornal O Globo.

Com base nos depoimentos feitos por Marcelo Odebrecht, ex-presidente da grande empresa de construção e que está no centro do escândalo de corrupção -, Bendine pediu (e recebeu) um suborno de três milhões de reais (815 mil euros) à Odebrecht para facilitar negócios com a construtora. 

André Gustavo manteria uma empresa de fachada usada para receber os subornos da Odebrecht, colaborando com o seu irmão, António Carlos Vieira, que também foi detido.

Este publicitário chegou ao PSD através de Miguel Relvas e Marco António Costa, em 2010, com o partido ainda na oposição. Toda a nova imagem do Governo PSD-CDS, do site aos pinos de lapela, saiu do bisturi da Arcos, a empresa de Gustavo. Do seu currículo constam campanhas para governadores e deputados estaduais brasileiros. Em 2016, a Procuradoria-Geral da República portuguesa recebeu três cartas rogatórias no âmbito da Lava-Jato em que eram pedidas informações sobre a actividade do publicitário em Portugal.

Bendine foi gestor poderoso dos dois presidentes trabalhistas. Em 2015, Bendine, que dirigia o Banco do Brasil desde 2009, por indicação do Presidente Lula da Silva, foi escolhido por Dilma Rousseff para substituir Graça Foster na presidência da Petrobras. Foster renunciou ao cargo, após o  início das investigações da Lava-Jato e devido à sua incapacidade para justificar os prejuízos da empresa em contratos de obras.

Bendine deixou o Banco do Brasil com a missão de acabar com a corrupção na petrolífera. Mas, segundo os delatores que colaboram com a Lava-Jato, já pedia subornos quando estava no banco, e continuou a cobrar na presidência da Petrobras, diz a Globo.

O Ministério Público Federal terá provas de que em 2014, ainda no Banco do Brasil, Bendine terá pedido 17 milhões de reais para viabilizar o pagamento de uma parcela de dívida de Odebrecht AgroIndustrial. Mas segundo a denúncia de Marcelo Odebrecht, a construtora terá rejeitado este pedido, porque considerou que Bendine não teria capacidade de influenciar o contrato de financiamento.

 

 

 

 

 

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