Áustria proíbe entrada a ministro turco para celebração do golpe falhado

Governo austríaco tem criticado a repressão com que a Turquia reagiu à tentativa de golpe. Em Março, ministros eram impedidos de participar em comícios pró-Erdogan na campanha do referendo à Constituição.

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Erdogan na conferência de imprensa que encerrou o G20, no sábado Daniel Kopatsch/EPA

A Áustria impediu o ministro turco da Economia de entrar no país para ali participar num evento que assinalava o primeiro aniversário da tentativa de golpe de Estado falhada de 15 de Julho. A visita de Nihat Zeybekci, diz um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros austríaco, representava “um perigo para a segurança e a ordem pública do país”.

Segundo o mesmo, o evento planeado pelo Governo de Ancara junto da comunidade turca era “muito grande”.

A decisão austríaca acontece depois de a Holanda ter feito saber que o primeiro-ministro adjunto da Turquia, Tugrul Turkes, não era bem-vindo no país, onde tencionava participar numa cerimónia de homenagem às 240 pessoas mortas durante a tentativa de golpe. Isto na mesma semana em que o Presidente Recep Tayyip Erdogan se queixou por não ter podido falar aos turcos na Alemanha durante a sua participação na cimeira do G20, em Hamburgo. A Alemanha, disse o polémico Erdogan, "está a cometer suicídio”.

“Confirmo que o ministro dos Negócios Estrangeiros [Sebastian] Kurtz decidiu proibir a entrada do ministro da Economia turco no país”, afirmou Thomas Schnoll, em declarações à rádio ORF. Nihat Zeybekci, acrescentou, “é sempre bem-vindo para uma visita bilateral”. A Turquia não respondeu de imediato à proibição, mas as relações com a Áustria já estão particularmente tensas por causa das críticas austríacas à resposta de Ancara ao golpe falhado.

A tentativa de há um ano serviu de pretexto a Erdogan para reforçar os seus poderes numa reforma constitucional referendada em Abril, ao mesmo tempo que as autoridades suspenderam ou despediram mais de 140 mil funcionários públicos e detiveram mais de 50 mil pessoas – ainda a semana passada, foram detidos vários membros de ONG, incluindo a directora turca da Amnistia Internacional.

A Áustria tem sido uma das vozes mais críticas desta resposta turca e insiste que as moribundas negociações de acesso da Turquia à União Europeia sejam enterradas de uma vez.

A decisão austríaca evoca a crise de Março, quando diferentes países da UE com grandes populações turcas impediram a realização de comícios pró-Erdogan nas semanas antes do referendo. A Áustria e a Holanda foram dois dos países a proibir estas acções de campanha – no caso austríaco, foi o próprio Presidente turco a ser banido de fazer campanha, com Viena a argumentar que isso iria aprofundar divisões entre os seus apoiantes e os turcos de origem curda que vivem no país.

O caso holandês foi ainda mais polémico, com o Governo a retirar a autorização de aterragem ao avião que levaria à Holanda o ministro dos Negócios Estrangeiro turco. No mesmo dia, a ministra da Família turca, de visita à Alemanha, decidiu ir ela por terra falar aos turcos na Holanda. A polícia holandesa impediu-a de entrar no consulado de Roterdão e acompanhou-a de regresso à fronteira.

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