Conservatório do Porto celebra cem anos

Escola pública foi fundada a 1 de Junho de 1917. Festejos decorrem ao longo deste ano.

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Escola tem actualmente 1100 alunos e conta com 180 professores Nelson Garrido

O Conservatório de Música do Porto comemora hoje cem anos sobre a data da fundação, atravessando um centenário carregado de música e histórias, assinalado com mais de uma centena de concertos e outros eventos. Criado pela Câmara Municipal do Porto a 1 de Junho de 1917, a escola pública teve como primeiro director Bernardo Moreira de Sá, avô da pianista Helena de Sá e Costa e da violoncelista Madalena Moreira de Sá e Costa.

O centenário é "uma grande festa", apontou à Lusa o director da instituição, António Moreira Jorge, que destaca o dia de hoje como um dos pontos altos, com uma visita guiada pelas três casas do conservatório, além do concerto na Casa da Música, com a academia coral da escola a juntar-se à Orquestra do Norte, para interpretar a Missa Solene de Santa Cecília, de Charles Gonoud, marcado para domingo.

A visita guiada às antigas e actuais instalações repete-se a 7 e 14 de Outubro, integrada numa das acções de evocação da memória da instituição, que tem na biblioteca uma exposição de cem objectos ligados à sua história. Entre os destaques da programação, que arrancou em Dezembro do ano passado, insere-se ainda a segunda edição do PianoPorto, uma maratona de 24 horas de piano que o conservatório organiza com o apoio da autarquia e que se espalha por toda a cidade, do auditório da escola à Estação de São Bento, a museus e à câmara municipal, entre outros locais. Um concerto comemorativo da inauguração, a 9 de dezembro, na Casa da Música, é outra das actividades em destaque.

Inicialmente instalada no Palacete dos Viscondes de Vilarinho de São Romão, na Travessa do Carregal, a escola mudou-se em 1975 para o Palacete Pinto Leite, na Rua da Maternidade, onde viria a passar mais de 30 anos. A ala poente do edifício da Escola Secundária de Rodrigues de Freitas, na Praça de Pedro Nunes, é, desde 2008, a casa actual do conservatório, numas instalações que incluem ainda um novo edifício onde foram instalados um estúdio de gravação, uma sala de orquestra, auditórios e uma biblioteca, fazendo com que a escola, segundo o director da instituição explicou à Lusa, conte com um equipamento "ao nível do que há de melhor na Europa".

"O conservatório chega aos cem anos com muita saúde e vitalidade, numa fase de solidificação da sua evolução e melhoria", acrescentou Moreira Jorge, que vê a instituição com "muito ainda pela frente". A instituição, que em 1992 foi agraciada com a Medalha de Mérito Cultural Grau Ouro do Porto, guarda ainda o espólio da violoncelista Guilhermina Suggia e do compositor e violinista Nicolau Medina Ribas, bem como documentação de vários outros nomes da música nacional.

Também a criação da Orquestra Sinfónica do Porto, agora associada à Casa da Música, teve origem na Orquestra Sinfónica do Conservatório de Música do Porto, raízes que serão evocadas a 22 de Junho, no Teatro Rivoli, numa recriação do primeiro concerto do grupo.

Pelo conservatório passaram alguns dos grandes nomes da música nacional, com o director a destacar os "mais mediáticos", como Pedro Burmester e Pedro Abrunhosa, além de António Pinho Vargas, mas também nomes "mais recentes com carreira internacional", como os pianistas Vasco Dantas Rocha, Pedro Gomes e Nuno Ventura de Sousa. "É um legado que o conservatório está a dar ao país e ao mundo", concluiu Moreira Jorge.

Hoje em dia, a escola é responsável por cerca de 1100 alunos e conta com um corpo docente que ronda os 180 professores, além de quase duas dezenas de funcionários.

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