BCE prepara-se para começar a debater saída da política de estímulos

Reuters diz que membros do Conselho de Governadores irão debater esta questão na reunião de 8 de Junho.

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Mario Draghi pondera novo rumo para a política do BCE LUSA/ALESSANDRO DI MARCO

Os membros do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu deverão, na reunião agendada para o próximo dia 8 de Junho, arrancar com a discussão da forma como começarão a ser reduzidas as políticas de estímulo, em particular o desaparecimento da promessa explícita de novas medidas em caso de necessidade, noticiou esta terça-feira a agência Reuters. No entanto, a descida mais forte do que o previsto da inflação na zona euro deve garantir que esta estratégia do BCE seja implementada de forma muito gradual.

De acordo com a Reuters, que diz ter obtido a informação junto de “quatro fontes com conhecimento directo das discussões”, incluindo membros do conselho de governadores, o ambiente dentro do BCE é, depois da vitória de Macron nas eleições presidenciais francesas e da confirmação de alguns dados positivos na frente económica, o de que existem agora menos riscos a ensombrar a retoma da zona euro.

E, por isso, na reunião do dia 8 de Junho, irá dar-se início a um debate em torno da manutenção das políticas expansionistas que têm vindo a ser aplicadas pelo BCE, nomeadamente a promessa de manutenção das taxas de juro ao actual nível mínimo histórico e a realização de compras de activos (especialmente dívida pública) nos mercados.

As sensibilidades em relação a esta questão são bastante variadas dentro do Conselho de Governadores, segundo a Reuters, que coloca Vítor Constâncio entre aqueles que defende que a retirada das medidas de estímulo seja feita muito lentamente.

Por isso, para já, aquilo que parece estar em cima da mesa para o imediato é a possibilidade de o BCE retirar do comunicado que emite a seguir à reunião a indicação explícita de que está disponível para descer mais as taxas de juro ou aumentar o ritmo de compras de activos em caso de necessidade. Esse seria já um primeiro sinal para os mercados de que a retirada dos estímulos estava gradualmente a ser iniciada.

A lentidão do processo, contudo, parece ser claramente o cenário mais provável. Na segunda-feira, Mario Draghi afirmou no parlamento europeu que, apesar da retoma da economia, o nível baixo da inflação apontava para que continuassem a ser necessárias medidas de estímulo monetário.

E esta terça-feira, a descida mais forte do que o previsto da inflação em países como a Alemanha e a Espanha parece indicar que, ao nível da variação de preços, o BCE continua a ter espaço de manobra para aplicar políticas expansionistas. Esta quarta-feira, será publicada a primeira estimativa para a taxa de inflação na zona euro durante o mês de Maio.

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