Rex Tillerson acusa Rússia de falhar na Síria

O secretário de Estado americano declarou que os russos falharam na sua missão de garantir que o regime sírio destruiria o seu arsenal químico e que esse falhanço levou à morte de "mais crianças e inocentes".

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Detentor de uma Ordem Russa da Amizade, atribuída enquanto director-geral da Exxon Mobil, Rex Tillerson tem-se distanciado das acções do governo russo Reuters/JOE SKIPPER

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, não acredita que a Rússia esteja envolvida directamente no ataque com armas químicas que, na última quarta-feira, vitimou 89 pessoas na cidade síria de Khan Sheikhoun, controlada pelos rebeldes que se opõem ao Governo sírio liderado por Bashar Al-Assad. Essa convicção não iliba, porém, a responsabilidade russa. “Quer a Rússia tenha sido cúmplice, quer tenha sido simplesmente incompetente ou quer tenha sido enganada” pelos sírios, “falhou no seu compromisso para com a comunidade internacional”, afirmou este domingo o governante americano no programa Face the Nation, emitido pela CBS.

Rex Tillerson referia-se ao acordo, mediado pelo Governo russo, firmado em 2013 e através do qual o regime sírio se comprometia a destruir o seu arsenal de armas químicas. Tillerson defendeu que, tendo a Rússia aceitado ser o garante do cumprimento do acordo, “o resultado do seu falhanço conduziu à morte de mais crianças e inocentes”.

Rex Tillerson irá reunir-se com os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 esta segunda-feira, em Roma, antes de viajar no dia seguinte para Moscovo, onde se dará o primeiro encontro de um alto representante da Administração americana liderada por Donald Trump com os seus homólogos russos – Tillerson irá reunir-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros Sergey Lavrov, não estando confirmado oficialmente um encontro com Vladimir Putin.

O secretário de Estado americano, anteriormente director-geral da petrolífera Exxon Mobil, foi distinguido nessas funções por Vladimir Putin com a Ordem Russa da Amizade, mas tem sido um dos membros da Administração Trump a distanciar-se de forma mais veemente do Governo russo. A BBC avança que é sua intenção chegar a Moscovo na terça-feira com uma mensagem forte, coordenada com os aliados americanos na questão síria, que possa conduzir a uma nova política russa na Síria, centrada na luta contra o Daesh e que contemple a transição para uma Síria sem Bashar Al-Assad. Este tem em Putin e no Irão os seus maiores aliados na guerra civil que se desenrola neste país do Médio Oriente.

Os 59 mísseis disparados sobre uma base militar síria na sexta-feira foram a resposta americana ao ataque em Khan Sheikhoun, que Assad desmente ser responsabilidade da sua Força Aérea, versão acompanhada pela Rússia – as mortes terão sido resultado da destruição de edifícios onde os rebeldes produziriam armas químicas, alega. O Governo americano garantiu que o objectivo da intervenção é impedir que o regime sírio volte a recorrer a armas químicas no conflito. Uma intervenção directa no terreno para afastar Assad está definitivamente excluída, garantiu a Administração americana.

Em comunicado emitido após a resposta militar dos Estados Unidos, os sírios e os seus aliados russos e iranianos afirmaram que este representa o ultrapassar de uma “linha vermelha”: “A partir de agora iremos responder pela força a qualquer agressor e a qualquer violação das linhas vermelhas, vinda de onde vier”. 

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