Confirmação de Betsy DeVos para a pasta da Educação vai entrar para a História

Esta terça-feira, pela primeira vez, o vice-presidente dos EUA vai ter de usar o voto de qualidade no Senado para ultrapassar a oposição à milionária indicada por Trump.

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Betsy DeVos foi a escolhida pelo Presidente Trump para dirigir o departamento da Educação Reuters/YURI GRIPAS

O voto para a aprovação do senador do Alabama, Jeff Sessions, como procurador-geral dos Estados Unidos, precisou de ser adiado, e o vice-presidente, Mike Pence, terá de fazer uma viagem até ao Senado para desfazer o impasse e garantir o crucial voto de desempate que permitirá a nomeação de Betsy DeVos como secretária da Educação. É a Administração Trump novamente a fazer História: nunca, até agora, tinha sido preciso recorrer ao voto de qualidade do vice-presidente dos EUA para fazer aprovar a nomeação de um governante. E a ameaça de um chumbo do Senado ao nome oferecido pelo Presidente era uma situação que não se colocava há pelo menos 28 anos – até hoje.

A escolha de Betsy DeVos, uma milionária e financiadora do Partido Republicano que é ainda uma activista contra a escola pública, levantou imediatamente um coro de críticas entre a chamada comunidade da Educação, que destacou a sua hostilidade para com o ensino público. Segundo os críticos, DeVos nunca trabalhou, nem ensinou, nem inscreveu qualquer dos seus filhos numa escola pública. Todos os 48 senadores democratas prometeram votar contra a nomeação, esta terça-feira, e duas senadoras republicanas, Susan Collins (Maine) e Lisa Murkowski (Alasca), “sucumbiram” à pressão e informaram que não podiam, em consciência, dar um voto favorável à nomeação de DeVos para um cargo para o qual não consideram que esteja qualificada.

Numa carta aberta em que pediam ao Senado para impedir a nomeação de Betsy DeVos por razões éticas, Norman Eisen e Richard Painter, os dois antigos conselheiros de ética dos presidentes Barack Obama e George W. Bush, notam que existem “significativos conflitos de interesses que não foram resolvidos” e que desqualificam a escolha de Donald Trump. Ao contrário de outras personalidades, nomeadamente o secretário de Estado, Rex Tillerson, que se desligou totalmente da direcção da petrolífera ExxonMobil, DeVos não forneceu ao Senado qualquer informação financeira e patrimonial e recusou dizer o que vai fazer aos seus investimentos que têm a ver com a área que vai tutelar.

Esta segunda-feira, véspera da derradeira votação, as linhas telefónicas do Senado estavam entupidas com chamadas a apelar à oposição a DeVos. Mais de um milhão de emails tinham chegado à caixa de correio do Senado no mesmo sentido. Os democratas prometeram revezar-se uns aos outros, numa maratona de discursos no plenário pensada para durar 24 horas e destinada a manter a pressão sobre os republicanos. Nâo se trata exactamente de um filibuster, que é uma manobra regimental para impedir uma votação, mas antes de uma táctica para expor os seus adversários à crítica dos seus eleitores.

Pelo seu lado, a Casa Branca procurava mover a sua influência para se certificar que a nomeação avança. O porta-voz Sean Spicer manifestou total confiança de que não se registarão mais dissidências na bancada republicana. Basta que um senador republicano mude o sentido de voto para inviabilizar a nomeação: Betsy DeVos seria, assim, a décima nomeada a ser rejeitada pelo Senado.

Além da secretária da Educação, outras escolhas do Presidente Donald Trump continuam à espera da luz verde do Congresso para poder iniciar funções. Jeff Sessions, cuja nomeação teve de ser adiada para poder ainda estar no Senado e votar na sua futura colega Betsy DeVos, é o único que tem a aprovação garantida. Os democratas já estão a preparar munições para as votações do secretário da Saúde, Tim Price, e do director da Agência de Protecção do Ambiente, Scott Pruitt. A oposição não tem votos suficientes para vetar nenhum nomeado, mas pretende prolongar o processo e assim manter a Administração Trump a trabalhar a meio gás.

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