Greves nos aeroportos "são a pior maneira de acabar e começar o ano"

O dirigente da Confederação do Turismo Português não contesta direito à greve, mas referiu haver "outras maneiras de chamar a atenção".

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O presidente da confederação refere que há dificuldades em arranjar alternativas para viajar nesta altura DANIEL ROCHA/arquivo

O presidente da Confederação do Turismo Português (CTP), Francisco Calheiros, considerou esta quinta-feira que as greves nos aeroportos "são a pior maneira de acabar e começar o ano" e vão afectar não só turistas, como emigrantes.

Em declarações à agência Lusa, o dirigente da confederação garantiu não contestar o direito à greve, mas referiu haver "outras maneiras de chamar a atenção sem prejudicar pessoas que estão lá fora porque não arranjaram soluções (de trabalho)" no país.

"E agora está na altura de voltarem ou regressarem e porque existe greve não podem ter esse direito, essa satisfação", disse Francisco Calheiros, depois de qualificar a paralisação entre 27 e 30 de Dezembro como a "pior maneira de acabar e começar o ano".

"A greve extravasa o Turismo", garantiu o líder da CTP, referindo a dificuldade em "arranjar alternativas" para viajar na altura da greve e que actualmente "não se pode brincar com a segurança". Calheiros previu ainda consequências no futuro devido à "imagem que não convém a ninguém" e que pode fazer anular a marcação de férias para Portugal.

A paralisação dos trabalhadores de handling (assistência nos aeroportos) e de segurança foi um dos assuntos debatidos na quarta-feira numa reunião com o Presidente da República, numa agenda que incluiu ainda a "preocupação" com o novo aeroporto de Lisboa.

"Os empresários fizeram tudo bem e agora temos tudo preparado e os turistas podem não vir porque não têm slots de aeroporto para desembarcar", lamentou à agência Lusa. A extensão do actual aeroporto localizado na Portela ao Montijo "tem que ser muito rápida", defendeu.

Na reunião com Marcelo Rebelo de Sousa foi ainda feito o "balanço bom" de 2016, sublinhando que, "mais do que a questão da ocupação, foi a dos preços", nomeadamente no Algarve, onde o "aumento do preço foi o dobro do aumento da ocupação". "Os mercados comportaram-se todos bem, inclusive o brasileiro, que tinha começado mal e que neste momento já está cerca de 5% acima do ano passado e França, com mais de 18%, fizeram uma redescoberta" de Portugal, enumerou o dirigente, citando ainda a subida da importância dos norte-americanos.

Para 2017 a grande incógnita é o mercado britânico, na sequência do denominado "Brexit" (saída do Reino Unido do espaço comunitário após um referendo), enquanto há previsões positivas em relação a turistas espanhóis, alemães e franceses.

"Temos grandes grupos confirmados, quer a nível de apresentações de automóveis, quer de congressos médicos, e com a política da TAP para os Estados Unidos prevemos um grande aumento de turistas americanos", que tendem a ficar mais tempo e a gastar mais do que outras nacionalidades.

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