Angola, China e Brasil: os mercados que afundam as exportações portuguesas

Vendas para parceiros comunitários não foram suficientes para equilibrar a quebra de 900 milhões nos países fora da Europa.

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Só Angola representou uma quebra de 478 milhões na venda de bens ao exterior Enric Vives-Rubio

Angola, China, e Brasil, seguidos pelos Estados Unidos, foram responsáveis por uma queda das exportações de bens portugueses no primeiro semestre avaliada em 675 milhões de euros e que outros mercados, com destaque para os europeus, não conseguiram compensar.

Entre Janeiro e Junho (os dados deste último mês foram divulgados esta terça-feira pelo INE), as exportações sofreram um recuo de 1,8%, para 24.782 milhões de euros, e as importações desceram 1,4% para 29.799 milhões de euros. Isso fez com que o défice da balança comercial se agravasse, embora de forma ligeira, tendo chegado aos cinco mil milhões de euros.

O comércio com os restantes mercados europeus até teve um comportamento positivo, com as vendas a subir a um ritmo superior às importações, suportado pelas trocas com países como Espanha e França.

No entanto, a folga ganha com a Europa (da qual Portugal está bastante dependente, apesar da aposta na diversificação registada nos últimos anos) não foi suficiente para colmatar as perdas registadas nas trocas comerciais com os outros países. Nos primeiros seis meses do ano, o valor dos bens vendidos aos mercados extra-União Europeia recuou 906 milhões de euros.

Só Angola representou 53% desta quebra (478 milhões de euros), peso que sobe para 74,5% quando se junta também a China, Brasil e Estados Unidos (neste caso, as intermitências nas vendas de combustível por parte da Galp ajudam a explicar parte da descida).

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Aumentar

O crescimento chinês tende a arrefecer, o Brasil atravessa uma recessão que se adivinha longa e, no caso de Angola, as vendas estão a cair de forma consecutiva há 18 meses, no âmbito da crise provocada pelo baixo preço do petróleo. Mesmo com a recuperação económica, este país tenderá a apostar cada vez mais na produção local, o que causará algumas dificuldades aos exportadores, muitos dos quais são micro e pequenas empresas que têm este país como único destino de exportação.  

O embate negativo na balança comercial seria ainda maior caso os valores das importações de bens dos países extracomunitários não tivessem descido, à boleia de factores como o baixo preço do petróleo. De acordo com o INE, as compras caíram 16,3%, o que equivale a 632 milhões de euros.

Junho negativo

Os dados agora divulgados pelo INE mostram que Junho veio dar um contributo negativo aos primeiros seis meses do ano. De acordo com este organismo público, nesse mês as exportações de bens diminuíram 2% em termos homólogos, com as importações de bens a descer a um ritmo inferior: 0,4%. No mês anterior, a tendência tinha sido inversa, com o valor das vendas ao exterior a cair 1,1% e as importações a descerem 3,8%.

As exportações de produtos alimentares e bebidas, diz o INE, destacaram-se pela positiva ao crescer 4,7%, enquanto a compra de aviões ao Brasil e aos Estados Unidos, para efeitos da renovação frota da TAP, fizeram disparar as importações ligadas às rubricas de transportes.

Ao excluir os combustíveis e lubrificantes, diz o INE, verifica-se que “as exportações aumentaram 0,5% e as importações cresceram 3,6%” (contra os 1,8% e 6,6% de Maio deste ano).

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