Costa é visto como mais próximo e competente do que Passos

Dois terços dos participantes na Bússola Eleitoral já estão certos quanto à sua opção de voto. O PS destaca-se como partido com maior probabilidade de vir a ser o preferido pelos ainda indecisos.

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O socialista António Costa é visto como mais próximo e mais competente do que Pedro Passos Coelho na síntese exploratória dos dados da Bússola Eleitoral promovida pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Esta é uma das conclusões da análise às respostas, via Internet, de 34.436 cidadãos que, entre os dias 4 e 15 deste mês, responderam aos 30 temas considerados relevantes para mapear o seu posicionamento político e o dos partidos.

“António Costa e Passos Coelho sobressaem por serem considerados mais competentes que os restantes candidatos (…) sendo que Costa leva ligeira vantagem na média dos inquiridos, não só em relação à competência como à proximidade”, refere o relatório da autoria dos investigadores Marina Costa Lobo, José Santana Pereira e Edalina Sanches.

O secretário-geral do PS obtém valores de 3,6 e 4,1, respectivamente na proximidade e competência, enquanto o primeiro-ministro alcança, nestes itens, 3,4 e 3,9. Por outro lado, a popularidade de Passos entre os votantes na coligação Portugal à Frente (PaF) é equivalente à de Costa entre o eleitorado socialista. O que, assinalam os autores do estudo, revela que o PaF não se ressente de ser uma coligação de dois partidos e de o primeiro-ministro ser líder de apenas um deles. Dito de outra forma: a imagem de Paulo Portas, líder do CDS/PP, não é considerada.

Entre os líderes dos restantes partidos com representação parlamentar concorrentes às eleições legislativas de 4 de Outubro, Jerónimo de Sousa é avaliado com 3,1 em proximidade e 3,2 em competência. A dirigente bloquista Catarina Martins empata com o secretário-geral do PCP em proximidade, mas está duas décimas abaixo (3,0) em competência.

Nos líderes de formações actualmente não representadas no Parlamento, a melhor avaliação é de Rui Tavares, do Livre/Tempo de Avançar: 2,8 e 2,7 em proximidade e competência. Segue-se, depois, Marinho e Pinto, do Partido Democrático e Republicano (PDR), com 1,5 e 1,4. Já o também advogado Garcia Pereira, do PCTP/MRPP, tem um valor idêntico de 1,2 para proximidade e competência. Também com um empate a 0,7 nestes itens está o actual eurodeputado e dirigente do MPT [Movimento Partido da Terra], José Inácio Faria, enquanto André Silva, do Pessoas Animais e Natureza (PAN) foi pontuado com 0,6 e 0,7, respectivamente em proximidade e competência.

A síntese dos dados da Bússola Eleitoral não pode ser confundida com uma sondagem. Por um lado, 73% dos inquiridos são homens – e no censo de 2011 existiam 48% de indivíduos do sexo masculino -, e 40% dos utilizadores têm licenciatura, quando na população portuguesa existem, de acordo com dados do ano passado, apenas 17% de licenciados. Por fim, 55% dos que responderam ao inquérito têm 35 ou menos anos, faixa etária que contribui com 39% para a população. Ainda assim, este perfil sócio demográfico é considerado representativo dos que, em Portugal, se interessam por política. Daí que as conclusões sejam interessantes.

“O PS destaca-se dos restantes por ser o partido com maior probabilidade de voto, seguido de perto pela coligação de PSD e CDS-PP”, refere o estudo. Segue-se o Bloco de Esquerda. Entre as outras forças políticas concorrentes às eleições, a análise assinala a performance do Livre/Tempo de Avançar: “Apesar de ter tido muito pouco visibilidade mediática nas últimas semanas, destaca-se dos partidos mais pequenos, como o PAN, MPT, ou PDR, com uma possibilidade de voto idêntica à da CDU [coligação do PCP com Os Verdes] e muito próxima da do BE.” O que, naturalmente, é fruto da especificidade do perfil dos que responderam.

Também dois terços dos cerca de 35 mil utilizadores não têm dúvidas quanto à sua opção de voto. E o facto de o eleitorado do Livre, BE, CDU e PDR se sentir mais próximidade de António Costa do que de Passos Coelho pode ter consequências. “Estes eleitores (…), a manterem-se os empates técnicos nas sondagens, poderão mais facilmente ceder à pressão do voto útil e entregar o seu voto ao PS com o propósito de facilitar a obtenção de uma maioria por parte daquele partido”, concluem os investigadores.

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