Nem sábios nem alquimistas

A dificuldade deste exercício foi o de conciliar um conjunto coerente de medidas de políticas públicas, que promovam o crescimento, o emprego, a coesão e a solidariedade social preservando o caminho de consolidação orçamental das finanças públicas em Portugal.

Nunca é demais realçar o quão inédito é este exercício neste país. A alternância democrática tem sido os eleitores penalizarem frequentemente quem está no poder aliciados por ilusórias e enganosas promessas. Quem não se lembra das descidas de impostos que são subidos logo a seguir às eleições, de “gorduras” no Estado que se quer cortar antes, para depois se fazer cortes em salários e pensões? É condição necessária para não defraudar os eleitores que se estude, se faça um diagnóstico da situação actual e se diga as medidas que se vai implementar e que efeitos se espera obter.

Não somos sábios nem temos a capacidade de simular a transformação de um país com graves problemas estruturais (no mercado de trabalho, no investimento, na ligação universidades-empresa, nas finanças públicas) e de concertação social, num país florescente em termos de crescimento e emprego do dia para a noite. Tal seria alquimismo puro. O que agora oferecemos ao PS e ao debate público é o impacto macroeconómico de um conjunto de medidas concretas de políticas públicas. A economia não é uma ciência exacta, a informação foi a disponível. Mais que as variáveis em nível importa ver as diferenças com o cenário da Comissão Europeia. É o sentido qualitativo da mudança que importa perceber. Isto não é, nem pretende ser, um Programa de Estabilidade alternativo.  

*Professor ISEG/ULisboa. Membro do Grupo de Trabalho do cenário macroeconómico para o PS.

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