PSD declara-se “apoiante” de António Costa

Dirigentes expressam optimismo sobre o país na abertura das jornadas parlamentares sociais-democratas.

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Paulo Pimenta

O líder do PS já quis dar o assunto como encerrado mas o PSD não larga as declarações de António Costa sobre Portugal. No primeiro dia de jornadas parlamentares do PSD, e quando o primeiro-ministro está sob fogo, o porta-voz do PSD, Marco António Costa, declarou-se “apoiante” de Costa para continuar a defender que “o país está melhor”.

No arranque das jornadas – voltadas para a economia e muito para a economia regional do Norte do país –, Marco António Costa disse ter concordado com o líder do PS com a afirmação de que o país “está muito melhor do que em 2011”, numa alusão às declarações do secretário-geral socialista, há duas semanas, quando referiu que Portugal está diferente do que era há quatro anos.

“O Doutor António Costa tem em nós um apoiante para o ajudar a defender aquilo que afirmou. Ele poderá contar com este grupo parlamentar para afirmar que Portugal está muito melhor. Digo isto sem nenhum tipo de chicana política, o PSD está disponível para discutir a situação política do país”, afirmou o vice-presidente do PSD, provocando risos entre os deputados. E nem o antigo líder do PS, António José Seguro, foi esquecido para atacar o actual secretário-geral, utilizando a contestação interna como arma de arremesso: “É bom que ele saiba que não está sozinho, por muitas demissões que haja dentro do PS, por muitas vozes que se levantem para tentar calar, por muitas tentativas que façam para lhe fazer a ele o que fizeram ao doutor António José Seguro em muitos momentos não o deixando como secretário-geral de ter a liberdade de fazer as escolhas que eram melhores para Portugal”.

Num discurso em que exaltou os progressos da economia – “o país melhorou e as pessoas sentem essa melhoria” –, Marco António Costa insistiu em chamar o PS para o combate político, desafiando o líder socialista a fazer propostas. Descrevendo a fase que o PSD passou nos últimos quatro anos como uma etapa solitária – “muitos do nosso partido tinham vergonha de levantar a voz para nos defender” –, o vice-presidente culpou os socialistas por esse isolamento. “É como se estivéssemos a lutar contra moinhos de vento, nas omissões, na fuga à realidade, que tem sido o caminho da oposição do doutor António Costa. É uma luta desigual a que estamos a travar na democracia portuguesa, nós de peito aberto a defender as nossas propostas”, afirmou, desafiando o PS a dizer o que pensa sobre a reforma da Segurança Social, tal como Passos Coelho já tinha questionado no Verão passado. E atirou: “Não façam como na Grécia, que é prometer uma coisa e fazer outra depois das eleições”.

A situação política na Grécia e o seu reflexo na Europa foi, aliás, pretexto para o vice-presidente do PSD tentar desmontar a colagem do PS a medidas anunciadas pelo Governo de Atentas e tentar capitalizá-las como tendo sido já tomadas pelo governo PSD/CDS. E exemplificou com o programa de ajuda social, electricidade mais barata para famílias carenciadas e programas de habitação social. “O PS não pode ter dois pesos e duas medidas. Não pode querer agradar a tudo e a todos”, disse. O discurso terminou como começou, reflectindo optimismo: “Portugal é hoje um país em que as notícias positivas para os portugueses se tornaram banalidades”.

Já a intervenção anterior, a do líder da bancada do PSD, Luís Montenegro, esteve impregnada de uma visão positiva do país, de “esperança”, depois de passado um período de emergência. Uma perspectiva que lhe permitiu “actualizar” uma frase que disse há cerca de um ano – “A vida das pessoas não está melhor, mas a vida do país está melhor”. “Não só o país está melhor como as pessoas começam a ter nas suas vidas o reflexo dessa maioria: é ao nível do rendimento e das oportunidades de emprego”, afirmou. A frase – que seria citada no discurso de Marco António Costa – permitiu voltar-se para o líder do PS, que foi também o alvo dos recados. “António Costa disse que não pode apresentar propostas ao país porque está consciente de que tem de negociar com os parceiros europeus. Para quem tem andado a acusar o Governo de submissão aos nossos parceiros, é o cúmulo da submissão que um líder político não tenha a liberdade de apresentar propostas”, criticou.

A posição de Portugal perante a Grécia – muito atacada pela oposição – também mereceu uma defesa por parte de Montenegro. “É contraditório este discurso da oposição. Nuns dias não temos voz na Europa, e noutro dia o Governo influencia toda a Europa. É contraditório e inconsistente”, sustentou, depois de rejeitar a hostilidade portuguesa face a Atenas: “Não, o Governo da Grécia não é nosso adversário. Não somos apoiantes nem adversários do governo grego”.

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