Altice disposta a vender Oni e Cabovisão para acelerar compra da PT

Os franceses estão decididos a melhorar a rentabilidade da PT Portugal e já identificaram poupanças de 200 milhões de euros.

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Patrick Drahi, o presidente da Altice Philippe Wojazer/Reuters

Se tudo correr como a Altice espera, daqui a três meses as autoridades da concorrência europeias terão dado luz verde à compra da PT Portugal, que passará a fazer parte da Altice International (onde já estão a Oni e a Cabovisão). O presidente executivo da Altice, Dexter Goei, afirmou esta sexta-feira que a empresa quer “fechar o negócio o mais rapidamente possível” e para isso está disposta a ser rápida na resposta às solicitações de Bruxelas. Mesmo que isso implique vender activos. A PT Portugal é líder de mercado em todos os negócios, menos na TV paga cenário que mudaria caso se lhe fosse permitido juntar-se à Cabovisão.

Em conferência telefónica com analistas no dia seguinte ao da assembleia geral decisiva da  PT SGPS, Goei admitiu que, noutras circunstâncias, a empresa  talvez ponderasse cenários que lhe permitissem conservar as operações existentes. Mas, se for mais rápido chegar a um entendimento com Bruxelas com a venda de activos, será esse o caminho. Tanto a Oni como a Cabovisão são interessantes para qualquer dos operadores existentes (Vodafone e NOS), garantiu. Assim, esperam-se novas movimentações no mercado

Até lá terá de haver clarificação sobre a equipa de gestão da PT Portugal, que é neste momento liderada por Armando Almeida. O gestor nomeado pela Oi desenhou uma estratégia para reduzir custos. E é nesse sentido que vão também os planos da Altice.

Na PT Portugal, uma empresa com infra-estrutura e tecnologia “topo de gama”, a Altice vê “uma oportunidade única” para extrair mais valor. Para isso, tenciona usar a sua “melhor equipa de reestruturação”, introduzir “as melhores práticas e economias de escala”, disse o administrador financeiro (CFO) da empresa, Dennis Okhuijsen. A Altice já identificou sinergias de custos de 200 milhões de euros, “metade das quais poderão concretizar-se nos próximos 12 a 18 meses”, adiantou. O objectivo é melhorar a margem de EBITDA da PT para próximo dos 50% (é actualmente de 38,9%).

Redução de custos com tecnologias de informação, simplificação de processos, renegociação de contratos com fornecedores... há várias áreas na PT Portugal onde se pode ganhar eficiência, garantiu o CFO. “Vamos aumentar os cash flows de forma significativa. Não é novo, já o fizemos em França, Israel, República Dominicana”. Dennis Okhuijsen explicou que alguns contratos de conteúdos que estão a ser renegociados para a francesa SFR com fornecedores pan-europeus também já vão incluir Portugal, o que permite antecipar poupanças.

A PT já pôs muito dinheiro no fixo e no móvel e agora “não há pressa” para aumentar o investimento, disse Dexter Goei. Mesmo assim, o gestor garantiu que a operadora tentará “igualar ou superar” a cobertura da rede de fibra da NOS. O acordo de co-investimento que a PT Portugal tem com a Vodafone continuará a ser uma parte central dessa estratégia, sublinhou Dexter Goei.

Questionado sobre eventuais processos jurídicos que possam comprometer a compra da PT Portugal, Goei respondeu que a Altice tem “um contrato sólido”. “Parece-me difícil contestar um contrato quando todos os accionistas [Oi e PT SGPS] aprovaram a transacção”, afirmou.

A Altice avaliou a PT Portugal em 7400 milhões de euros, mas só vai pagar no imediato 5600 milhões (esta sexta-feira emitiu dívida no montante de 6000 milhões de dólares para financiar a operação). Além de 500 milhões que estão condicionados a metas futuras de receitas da PT Portugal, há outros 1300 milhões classificados como “ajustamentos de preço de compra” que dizem respeito aos encargos da PT com reformas e suspensões de contratos.


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