Empresários e gestores estão mais confiantes no futuro da economia portuguesa

Barómetro Kaizen mostra que o grau de confiança entre empresários e gestores subiu para 11,9, numa escala de 0 a 20. Era de cerca de 9,4 há um ano.

Os empresários portugueses estão agora mais confiantes na economia, segundo o Barómetro Kaizen. Numa escala de 0 a 20, o grau de confiança estabeleceu­-se em Maio nos 11,9 pontos, dois pontos e meio acima do valor que tinha sido registado há um ano.

O Barómetro Kaizen, um instituto que fornece serviços de consultadoria às empresas, reúne 134 empresários e gestores, nomeadamente da Amorim & Irmãos, da Autoeuropa, da Cofina, da Europac, da Sonae, da Zon, da Bosch, da Fisipe ou da Riopele. Na última edição do barómetro, responderam 71 membros.

Os resultados apontam, num momento em que se assinala o fim do programa de ajustamento económico e financeiro, um clima de maior optimismo face à evolução do país, com 75% dos membros que responderam a considerar que o estado actual da economia é melhor face ao período “imediatamente anterior à entrada da troika”. Do universo de respostas, 11% considera que a situação é idêntica à que antecedeu a chegada dos credores e 14% afirma que é pior.

“É natural haver mais confiança. Se olharmos para o passado, para os indicadores económicos, a situação é agora muito mais favorável do que era antes da chegada da troika. Apenas a dívida pública evidencia um agravamento, mas essa tendência é transversal a todas as nações, na sequência da crise de 2008/2009. Só a Índia melhorou o seu nível de endividamento”, afirmou ao PÚBLICO António Costa, do Instituto kaizen.

O imposto extraordinário sobre os rendimentos é considerada a medida de austeridade que foi mais penalizadora (76%) para a economia portuguesa, no âmbito do processo de resgate. Seguem-se os cortes de subsídios de férias e de Natal para funcionários públicos e pensionistas (75%) e o aumento do Imposto sobre o Valor Acrescentado (72%). Abaixo dos 50% surgem a redução do subsídio de desemprego e de doença e das deduções do IRS que foram sendo ampliadas nos mais recentes orçamentos de estado.

Numa análise global às consequências mais danosa do programa da troika para Portugal, os empresários e gestores consideram que o aumento da taxa de desemprego é a mais sentida (93%), seguida da retracção do consumo e do investimento e dos constrangimentos à obtenção de crédito. O aumento da emigração e a quebra da taxa de natalidade são também citados.

Questionados sobre as medidas que as empresas tiveram que assumir face a um quadro de maior adversidade, os inquiridos citaram a redução de custos fixos (73%) e a redução de desperdícios (65%). São também citadas alterações no rumo estratégico das empresas, com 51% dos inquiridos a revelarem que houve uma maior aposta no mercado externo e um maior enfoque na inovação (41%).

Este novo quadro é justificado por António Costa. O responsável do Instituto Kaizen defende que as exportações são fundamentais para gerar crescimento, num quadro de evidentes dificuldades no mercado interno. “E a inovação é um factor crítico para criar diferenciação no mercado. Veja-se o exemplo do calçado”.

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