FMI: metas orçamentais na zona euro só serão reavaliadas se o crescimento “desapontar”

Para a instituição, o esforço de ajustamento dos países é apropriado, tendo em conta o desempenho económico do espaço da moeda única.

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O FMI, liderado por Christine Lagarde, espera que a zona euro recue 0,4% este ano e cresça 1% em 2014 SAUL LOEB/AFP

O ajustamento orçamental do conjunto da zona euro no próximo ano, exigido aos países com desequilíbrios nos défices públicos, vai obrigar a um esforço equivalente a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do espaço da moeda única, revelou nesta terça-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os países com défices maiores terão um “ritmo de ajustamento” mais forte do que as outras economias. E as metas são para manter, insiste o Fundo Monetário Internacional (FMI), afastando uma flexibilização dos actuais objectivos orçamentais nos países periféricos, a menos que o ritmo de crescimento se afaste de forma significativa das actuais previsões.

“Só se o crescimento desapontar substancialmente” é que a questão dos objectivos orçamentais poderá ser revisitada, afirmou Jörg Decressin, economista do departamento de estudos do fundo, citado pela Reuters. No caso de Portugal, as metas para o défice público que resultaram das oitava e nova avaliações da troika são as mesmas que foram negociadas no exame regular anterior: um défice de 5,5% este ano e de 4% no próximo ano (o Governo diz ter defendido junto da troika uma revisão da meta para 4,5%).

No boletim Perspectivas Económicas Mundiais, que divulgou nesta terça-feira, a instituição sedeada em Washington considera que os riscos da economia europeia diminuíram, mas alerta que nem os países estão isentos de choques internos, nem o espaço da moeda única, no seu conjunto, está livre de choques externos. Ao mesmo tempo, se as principais economias da moeda única reforçarem os níveis de investimento, reforça o FMI, haverá um impacto positivo para toda a zona euro.

Tendo em conta o crescimento esperado para a zona euro no próximo ano, o FMI considera que o esforço de ajustamento orçamental exigido à zona euro, como um todo, “é globalmente apropriado”. Para os 17 países da área do euro, a instituição prevê que a economia se contraia 0,4% este ano, seguindo-se um crescimento de 1% em 2014.

Depois de três anos em contracção, Portugal deverá registar, segundo o FMI, um crescimento de 0,8% no próximo ano, mais do que o esperado para a Grécia (0,6%) e Espanha (0,2%). A economia irlandesa, que no próximo ano não estará formalmente sob resgate financeiro, terá um crescimento de 1,8%. Já Chipre será o único dos países intervencionados em forte contracção, com um recuo de 3,9% do PIB.

Para a instituição liderada por Christine Lagarde, a questão que se coloca aos responsáveis europeus é encontrar um equilíbrio entre o crescimento e a necessidade de continuar a aplicar medidas que se traduzam numa redução dos défices e de melhoria das contas públicas, aplicando ao mesmo tempo aquilo que a instituição chama “reformas estruturais” para a economia.
 

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