Catalunha pede resgate de 5000 milhões de euros a Madrid

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Foto: Christian de Portzamparc/ AFP Photo

O governo regional (Generalitat) da Catalunha decidiu hoje pedir ao Governo de Espanha um resgate de 5023 milhões de euros, mas anunciou em simultâneo que não aceitará condições políticas, mas que aceitará condições económicas.

O Governo regional decidiu pedir a participação no Fundo de Liquidez, para “enfrentar os vencimentos de dívida até ao final do ano”, disse o seu porta-voz, Francesc Homs, citado no site do diário El País.

O pedido foi decidido na primeira reunião do executivo catalão após as férias e dirige-se ao Fundo de Liquidez das Autonomias, que o Governo espanhol criou para apoiar as regiões autónomas que não conseguem refinanciar as suas dívidas nos mercados de crédito.

Este é o primeiro pedido de resgate quantificado de uma região espanhola ao Governo de Madrid na actual crise da dívida europeia. As regiões de Valência e Murcia já anunciaram ter a mesma intenção, mas sem indicarem valores.

A dívida catalã ultrapassava os 40 mil milhões de euros no fim do primeiro trimestre do ano, recorda a agência AFP, e chegou ao fim do ano passado com um défice de 3,7% do seu PIB. Até ao fim do ano enfrenta vencimentos de dívida num total de 5,75 mil milhões de euros.

Homs distinguiu o recurso a dinheiro de Espanha, que considera ser também catalão, de um pedido à Europa: “Pedir um resgate à Europa e recorrer ao Estado espanhol são duas coisas diferentes. Porque o dinheiro que pedimos é o que pagam os próprios catalães e que o Governo espanhol gere. No caso da Europa, não é o dinheiro dos espanhóis, mas o de outros países”, afirmou, citado também em El País.

Disse também que a Catalunha está disposta a aceitar condições económicas, mas não quer passar pela vergonha de ver o Senado forçar a Generalitat a tomar certas decisões – uma norma prevista na Lei de Estabilidade Orçamental, a qual foi aprovada com os votos da Convergência e União.

Homs disse também (citado em El Mundo) que, “apesar de não gostar”, o Governo catalão está disposto a cumprir o objectivo de défice assumido para este ano, de 1,5% do PIB.

A Catalunha, governada pela coligação nacionalista CiU (Convergência e União) é a região mais endividada de Espanha e já tinha reconhecido que considerava recorrer ao Fundo de Liquidez, criado em Julho pelo Governo, no auge da crise da dívida espanhola, que só acalmou após o BCE anunciar que estuda adquirir nos mercados dívida dos países em dificuldade que recorram aos fundos europeus de resgate e se submetam a um programa de condicionalidade em troco da ajuda europeia.

Última actualização às 15h05
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