Previsões do desemprego serão "substancialmente" revistas em alta

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Foto: Nuno Ferreira Santos

O ministro das Finanças disse hoje que o Governo, o FMI e o Banco de Portugal estão a analisar a evolução do desemprego, que está a ser superior à esperada. As previsões serão “substancialmente revistas” depois do quarto exame regular da troika, que decorrerá ainda este mês.

Vítor Gaspar está hoje no Parlamento, numa audição da Comissão de Orçamento e Finanças, onde foi questionado sobre as novas previsões para o desemprego enviadas a Bruxelas, como anexo ao Documento de Estratégia Orçamental (DEO).

O Diário Económico noticia hoje que o DEO enviado à Comissão Europeia é mais completo do que aquele que chegou aos deputados, incluindo o chamado “Anexo II”, com previsões para o mercado de trabalho entre 2012 e 2016, que mostram um agravamento da evolução do desemprego.

De acordo com o jornal, as previsões para o desemprego apresentadas a Bruxelas mantêm-se inalteradas para este ano (14,5%), mas foram substancialmente revista para os anos seguintes. Em 2013, o Governo prevê agora uma taxa de 14,1%, mais duas décimas do que o previsto pela troika. Em 2014, há uma revisão em alta de uma décima, para 13,2%, e em 2015 o aumento é de três décimas, para 12,7%.

Estas revisões estão a suscitar reacções e críticas por parte da oposição na reunião da Comissão do Orçamento e Finanças. O deputado do PS João Galamba fez mesmo uma interpelação à mesa, pedindo a interrupção dos trabalhos até aquela informação ser disponibilizada aos deputados. “Isto é inaceitável e é uma falha grave”, acusou o deputado socialista.

O ministro respondeu às criticas do PS e também do Bloco de Esquerda dizendo que o Anexo II está disponível no site da Comissão Europeia, mas salientando que as previsões aí incluídas não são “elucidativas”, visto que “está em curso uma análise aprofundada que conduzirá a um diagnostico da situação, com a possibilidade das previsões estarem desactualizadas dentro de muito poucas semanas”.

Segundo Vítor Gaspar, o Governo está a conduzir uma análise aprofundada da evolução do desemprego, um trabalho que está a envolver os serviços do Ministério das Finanças, do Ministério da Economia e do Emprego, do Ministério da Solidariedade e da Segurança Social e que conta ainda com a colaboração do FMI e do Banco de Portugal.

“A evolução do desemprego é uma grande preocupação e tem revelado padrões de comportamento diferentes do que seria sugerido pela experiencia histórica”, afirmou Vítor Gaspar, salientando que o nível de desemprego registado é substancialmente superior ao expectável dado o nível de actividade económica.

Para o ministro, esta situação sugere que “os elementos de rigidez no mercado de trabalho que se acumularam ao longo dos anos terão tornado a situação de ajustamento mais difícil num cenário económico particularmente exigente”.

O ministro solicitou, por isso, que o debate sobre esta matéria seja adiado, visto que em breve, haverá uma “análise completa” e, “certamente, previsões substancialmente revistas na conclusão do quarto exame regular do programa de assistência financeira”. Ou seja, o desemprego previsto pelo Governo será não só superior ao estimado até aqui pela troika, como às previsões actualizadas enviadas entretanto a Bruxelas.

Notícia actualizada às 11h53

, com referência a que o quarto exame da

troika

decorre ainda em Maio.

Notícia actualizada às 12h06

. Foi acrescentado o penúltimo parágrafo.

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