Secretário-geral da CGTP diz que greve é “de todos e para todos”

Um polícia carrega sobre uma fotógrafa da agência AFP, durante confrontos no Chiado
Fotogaleria
Um polícia carrega sobre uma fotógrafa da agência AFP, durante confrontos no Chiado Hugo Correia/Reuters
A polícia de intervenção foi chamada ao Chiado
Fotogaleria
A polícia de intervenção foi chamada ao Chiado Patrícia de Melo Moreira/AFP
Houve confrontos entre manifestantes e polícia junto do conhecido café A Brasileira
Fotogaleria
Houve confrontos entre manifestantes e polícia junto do conhecido café A Brasileira Patrícia de Melo Moreira/AFP
Um polícia a sangrar na sequência dos confrontos, de que resultaram três feridos
Fotogaleria
Um polícia a sangrar na sequência dos confrontos, de que resultaram três feridos Hugo Correia/Reuters
Greve da CP no Porto
Fotogaleria
Greve da CP no Porto Adriano Miranda

Arménio Carlos discursou durante cerca de uma hora e meia perante a multidão que integrou a manifestação e o desfile organizados pela CGTP entre o Rossio e a Assembleia da República, em Lisboa.

“Esta greve é de todos e para todos os trabalhadores portugueses”, sublinhou, referindo-se em especial aos “muitos jovens” que aderiram à paralisação. "E a luta vai continuar", reforçou, numa alusão à manifestação agendada para 31 de Março, em Lisboa, "contra a precariedade, contra o desemprego, pelo emprego com direitos, pela valorização do trabalho e dos jovens trabalhadores".

Enquanto falava, o sindicalista ia sendo aplaudido, a espaços, pelos manifestantes que estavam mais perto da carrinha de onde fez o seu discurso, abrigado do sol e do calor. Já com a voz rouca, Arménio Carlos garantiu que a greve geral desta quinta-feira serviu para "incomodar alguns poderes instituídos e tocar na ferida”. “Estão a passar para a calúnia e para o insulto, mas não vamos entrar nesse tipo de jogo”, afirmou.

No seu discurso, que começou pouco depois da hora marcada, por volta das 16h15, o secretário-geral da CGTP criticou o aumento da precariedade no emprego. “Actualmente, a precariedade atinge 23% da população empregada. Em 2003, a precariedade era de 9% e Portugal estava abaixo da média europeia”, referiu.

"Esta greve geral é contra o pacote de exploração e o empobrecimento do país", reforçou, referindo-se à proposta de revisão da legislação laboral que será votada no Parlamento no próximo dia 30.

Enquanto decorria a assembleia popular, os ânimos exaltaram-se entre a multidão que estava em frente à Assembleia da República. Pouco depois de Arménio Carlos começar a discursar, por volta das 16h30, registou-se um incidente que terá envolvido, segundo algumas testemunhas, elementos da plataforma 15 de Outubro e manifestantes da CGTP, identificados com os coletes dos piquetes de greve.

"Foram os [manifestantes] da CTGP que não deixaram aproximar os que pertencem ao movimento 15 de Outubro do local onde o secretário-geral da CGTP está a discursar", disse uma testemunha ao PÚBLICO. Outro manifestante afirmou que "havia pessoas que queriam avançar à força mas não estava ninguém a impedir". Não foi, porém, possível confirmar exactamente o que aconteceu, uma vez que as pessoas envolvidas na situação dispersaram pouco depois. Ainda assim, há relatos da existência de um ferido, embora a polícia não confirme. Apesar dos desacatos, a PSP não chegou a intervir.

Pouco depois deste incidente, um grupo de pessoas começou a aproximar-se do local onde o secretário-geral da CTGP discursava e a gritar “a rua é nossa” e “aqui há espaço para todos”. A verdade é que no meio da multidão que ocupou toda a Rua Correia Garção havia vários espaços livres.

Concentração começou pacífica no Rossio

Apesar deste e de outros incidentes entre elementos da plataforma 15 de Outubro e a polícia, a manifestação tinha começado pacífica no largo do Rossio. A concentração estava marcada para as 14h, mas a essa hora ainda poucos tinham respondido à chamada. Os trabalhadores foram chegando em pequenos grupos, a pouco e pouco, uns vestindo os coletes vermelhos dos piquetes de greve, outros de bandeiras e cartazes em punho.

O desfile saiu do Rossio às 15h10 com cerca de quatro a cinco centenas de pessoas que não chegaram para encher nem metade da praça, às quais se juntaram mais algumas pelo caminho até à Assembleia da República.

Alguns vieram de longe, como João Martins, de 41 anos, que viajou de Loulé até Lisboa para protestar contra “a ideologia do empobrecimento como estratégia de desenvolvimento”. Apesar de não ser sindicalizado, este professor universitário assistente decidiu juntar-se à manifestação da CGTP para lutar contra a “destruição do estado social”.

Foram os mesmos motivos que levaram Maria de Lurdes Gonçalves, de 53 anos, a juntar-se à concentração. “Este país está a passar a maior vergonha de todos os tempos”, reclama, sublinhando que “faz sempre sentido lutar até ao fim”. E o que será o fim? “Talvez um 26 de Abril, menos pacífico do que o 25 de Abril, porque a revolta e o desespero das pessoas já é demais”, desabafa.

Notícia actualizada às 20h30

: Retirado bloco de informações sobre os feridos e o detido em confrontos entre os manifestantes e a PSP, para criar nova notícia

Sugerir correcção
Comentar