A renovação do comércio tradicional ainda só é visível em Lisboa

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Enric Vives-Rubio

O comércio e a restauração têm sido os sectores mais afectados pela crise e onde se regista o maior número de encerramento de empresas. No primeiro trimestre deste ano, fecharam 723 lojas de retalho e 423 restaurantes, de acordo com dados do Ministério da Justiça. No entanto, são também duas das actividades onde se verifica maior propensão para a abertura de novos negócios: neste período abriram no total 2109 novas sociedades, o que resulta num saldo positivo.

O ritmo de encerramentos - 100 lojas por dia de acordo com Confederação do Comércio e Serviços de Portugal - é paralelo ao nascimento de conceitos mais modernos, mas que mantêm a filosofia da tradicional mercearia ou padaria: oferecer produtos de qualidade, especiais, num ambiente familiar e de proximidade. Ao mesmo tempo que cadeias como a Alisuper ou os lisboetas AC Santos não conseguem sobreviver, surgem novas empresas, num fenómeno que, diz a consultora imobiliária Cushman & Wakefield (C&W), ainda só é visível em Lisboa, "mas que se estenderá certamente a outras cidades do país". Num relatório sobre o mercado do retalho, a C&W fala do "aguardado renascer do comércio de rua".

Em tempo de crise, os empresários reagiram com estratégias de preço e de fidelização e apostaram em conceitos diferenciados. "Estes casos surgiram em especial no sector da restauração, que tem vindo a apostar em conceitos que pretendem replicar o comércio tradicional", refere o estudo. Esta renovação vai trazer mais dinamismo ao sector, hoje menos concentrado na indústria dos centros comerciais.

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