Governador do Banco de Portugal confirma que o país já está em recessão

Foto
O novo governador reconheceu que "há um limite de utilização de capacidade das empresas exportadoras" Foto: Jorge Miguel Gonçalves

O novo governador do Banco de Portugal confirmou que Portugal já está em recessão. Carlos Costa afirmou, numa entrevista ao Diário Económico, que a esperança reside agora nas exportações.

O novo governador reconhece, porém, que "há um limite de utilização de capacidade das empresas exportadoras". E depois há um momento em que as empresas exportadoras “têm de investir, o que significa que os recursos disponíveis têm de se orientar para o sector dos bens transaccionáveis”.

Na entrevista, Carlos Costa confirmou: "A dinâmica das variáveis macro-económicas vai produzir aquilo que dissemos e que as instituições internacionais confirmaram: uma recessão económica durante o ano de 2011, que é a contrapartida do processo de ajustamento, de emagrecimento."

Questionado acerca da reacção do Governo à notícia de que Portugal está em recessão, Carlos Costa disse ao jornal económico: “Nem sempre somos os mensageiros que todos gostariam de ouvir, mas o mensageiro não modifica a mensagem. O que há a reter é que quando ela está tecnicamente fundamentada e tem uma solidez indiscutível, não vale de nada ignorar a mensagem. Mais tarde ou mais cedo o seu conteúdo atinge-nos. Ora se estamos a dizer que vamos ter um período de menor crescimento económico, de recessão económica”.

Banca “sólida”

O governador do banco central considera também que a banca nacional "está sólida", porque "tem os capitais de que necessita para os riscos que tem no balanço".

Mesmo assim, considera que "é prudente e desejável que reforce os seus capitais", como precaução para o caso de degradação da conjuntura, o que justifica a recomendação feita este ano para que, “no caso de distribuição dos dividendos, houvesse preocupação com o reforço dos capitais”.

Carlos Costa mostra-se no entanto apreensivo quanto à dependência da banca nacional face ao BCE, “que surge a apoiar o sistema bancário cedendo liquidez, uma medida com uma componente temporária”. “Não é desejável que os sistema financeiro continue indefinidamente dependente da cedência de liquidez do eurosistema”, afirma.

Notícia actualizada às 9h40
Sugerir correcção
Comentar