Rússia vota novo START esta sexta-feira

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Câmara baixa do Parlamento russo tem agora a palavra Alexander Natruskin/Reuters

A câmara baixa do Parlamento russo (Duma) irá votar esta sexta-feira o novo acordo bilateral de desarmamento nuclear com os Estados Unidos – START 2 ou Novo START – confirmou o chefe da comissão dos Negócios Estrangeiros da Duma, Konstantin Kossatchev.

A ratificação do acordo – que sucede ao histórico START de 1991, marcando o fim da Guerra Fria – deverá então ocorrer na véspera de Natal, adiantou Kossatchev, citado pela agência Itar-Tass. "Este procedimento permitirá aos deputados fazer declarações e apresentar alterações ao projecto de ratificação apresentado pelo Presidente russo", explicou, para depois sublinhar que o texto aprovado pelo Senado norte-americano, esta quarta-feira, "contém várias interpretações que devem ser minuciosamente estudadas".

Horas antes, o presidente da Duma, Boris Grilov, já tinha adiantado que os deputados russos estavam a aguardar a recepção dos documentos da ratificação feita nos Estados Unidos. Segundo Konstantin Kossatchev, foram feitas pelo menos 50 emendas ao texto durante os difíceis debates e negociações no Senado norte-americano.

O Senado dos Estados Unidos deu esta quarta-feira, por 71 contra 26 votos, luz verde ao tratado assinado em Abril pelos Presidentes dos dois países, Barack Obama e Dmitri Medvedev, no quadro do chamado “reset” de relações entre Washington e Moscovo, e já antes aprovado pela Câmara do Representantes. Para a sua entrada em efeito, carece agora da ratificação também da Duma e do Conselho da Federação (as câmaras baixa e alta do Parlamento russo).

O Novo START prevê a limitação para 1550 ogivas estratégicas operacionais dos arsenais dos Estados Unidos e Rússia no prazo máximo de sete anos após a sua entrada em vigor – o que representa uma redução em 30 por cento do limite de 2200 já definido em 2002, com o SORT, pacto "adaptador" do START para a realidade pós-soviética.

A sua negociação sofreu enormes reveses e adiamentos, tendo mesmo obrigado à adopção de prorrogações do antigo START – assinado pelo então Presidente norte-americano George Bush pai e o último Presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachov, ao fim de nove anos de muito difíceis negociações e que expirou a 5 de Dezembro de 2009.

Ao contrário do que aconteceu nos Estados Unidos, onde as eleições intercalares de Novembro passado mudaram a face do Congresso, pondo em risco a aposta de Barack Obama neste tratado, a ratificação do Novo START na Rússia deverá ocorrer sem quaisquer percalços. Ambas as câmaras, tal como todo o cenário político no país, estão sob o controlo do partido Rússia Unida, que seguem as indicações dadas pelo chefe de Estado e do primeiro-ministro, Vladimir Putin.

NATO saúda adopção do tratado

O secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, saudou a ratificação do Novo START pelo Senado norte-americano, avaliando que este tratado "dá uma significativa contribuição à segurança euroatlântica".


"A redução consecutiva dos arsenais de armas nucleares estratégicas russo e norte-americano vai abrir a porta a iniciativas em matérias de controlo dos armamentos clássicos e atómicos que, por sua vez, reforçarão ainda mais a segurança na zona euroatlântica e para lá dela", afirmou. Rasmussen estimou ainda que o novo tratado é "muito favorável" à cooperação dos aliados ocidentais com Moscovo.

E sugeriu mesmo a possibilidade de relançar as discussões com a Rússia sobre o acordo que limita as armas convencionais na Europa, cuja aplicação Moscovo suspendeu unilateralmente há três anos, numa fase em que as relações do Kremlin com a NATO e os Estados Unidos mergulhavam num dos mais difíceis momentos desde o fim da Guerra Fria.

Notícia actualizada às 19h50
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