Representantes comerciais reunidos no Brasil para desbloquear ciclo de Doha

Os principais representantes comerciais do Brasil, Estados Unidos, União Europeia, Índia, África do Sul e Austrália encontram-se amanhã em São Paulo para tentar desbloquear o ciclo de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), estagnado desde Setembro de 2003.

"Esta será uma etapa decisiva para as negociações da OMC", considerou ontem o ministro brasileiro dos Negócios Estrangeiros, Celso Amorim.

Hoje, os ministros do G20 - que reúne os maiores dos países em desenvolvimento, sob a liderança do Brasil e Índia - reuniram-se em São Paulo para definir uma posição comum.

Segundo Amorim, apesar das críticas ao G20 - acusado de ter feito fracassar a conferência de Cancun em Setembro - o grupo quis demonstrar que o seu "papel é muito importante".

"Os países mais ricos são os que devem fazer mais concessões e sacrifícos e ter uma posição mais aberta; durante a ronda anterior, do Uruguai, foram os países em desenvolvimento quem mostrou maior abertura", declarou o ministro. "Agora é a vez dos países desenvolvidos, nomeadamente no sector agrícola".

Hoje, o ministro indiano do Comércio, Kamal Nath, lembrou que a agricultura será tema "ultra-sensível" nas negociações multilaterais da OMC.

"Desejamos que cada país compreenda as complexidades da Índia, as suas múltiplas características e que a agricultura é, para milhões de habitantes do meu país, um modo de vida. São estas questões que devem ser levadas em consideração em qualquer acordo" no âmbito da OMC, disse Nath.

"Queremos um progresso [das negociações actuais do ciclo de Doha, iniciado em 2001], mas com a condição de que as nossas preocupações sejam tidas em conta", explicou.

Mais de 60 por cento da população da Índia, que ultrapassa os mil milhões de habitantes, depende directa ou indirectamente da agricultura para a sobrevivência.

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