Eleitores do PSOE divididos entre a abstenção e a oposição à investidura de Rajoy

Para 56% dos eleitores socialistas, o mais conveniente para o partido é deixar passar um novo Governo minoritário liderado pelo conservador, revela sondagem Metroscopia.

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A demissão de Pedro Sánchez abriu uma crise no PSOE e está a dividir os socialistas REUTERS/Susana Vera/File

A menos de uma semana da reunião do comité federal dos socialistas espanhóis, para decidir qual a posição do partido no próximo debate de investidura, uma sondagem mostra como os eleitores do PSOE se encontram divididos em duas facções: os que defendem que deve votar contra um novo Governo liderado por Mariano Rajoy (49%), e os que preferem a abstenção da sua bancada parlamentar (47%), para evitar o cenário de umas terceiras eleições em menos de um ano onde seriam duramente penalizados.

Os números foram recolhidos pela empresa Metroscopia para o El País. Questionados sobre o que deve ser prioritário para o PSOE, impedir a constituição de um novo Governo conservador ou novas eleições legislativas, os eleitores socialistas separaram-se em dois grupos praticamente iguais (49% contra 47%, respectivamente). Mas quando a pergunta era sobre qual a melhor estratégia para o PSOE no próximo debate de investidura, 56% dos inquiridos disseram que o mais conveniente seria a abstenção – que na prática abre o caminho à indigitação do líder do PP e a formação de um Governo minoritário.

A resposta terá tanto a ver com a crise interna que o partido atravessa, após a demissão do secretário-geral Pedro Sánchez e a entrega da liderança a uma comissão de gestão, como com a perspectiva de uma pesada derrota do PSOE se os espanhóis voltarem a ser chamados às urnas. Os últimos inquéritos de opinião apontam para uma queda abrupta dos socialistas, que perderiam cinco pontos e seriam ultrapassados pela esquerda radical do Podemos, e a consolidação do PP como força maioritária em Espanha, com 38%.

A gestão do presidente do governo regional das Astúrias, Javier Fernández, que ficou à frente da comissão gestora do PSOE até à eleição de um novo secretário-geral em congresso, está a agradar aos eleitores do PSOE, e de maneira geral aos espanhóis. Pela mesma margem, 45% consideram que a sua acção tem sido positiva, e 29% entendem que está a ser negativa.

A sondagem da Metroscopia revela que, depois de mais de dez meses de impasse político, os espanhóis querem que os partidos se entendam para não terem de votar para recompor o parlamento pela terceira vez desde Dezembro de 2015. São 66% contra as eleições, e 59% que acreditam que é possível negociar alianças para formar um Governo. Só 32% consideram que o voto seria a melhor forma de desatar o nó em que se encontra a política em Espanha (segundo o instituto de sondagens, esse grupo é maioritariamente composto por eleitores do Podemos).

Mas se estão contra as eleições, os espanhóis não estão contra a nova realidade do multipartidarismo: 64% dos inquiridos considera que a existência de vários partidos com representações parlamentares idênticas é “melhor” para a democracia, preferindo a pluralidade à tradição do bipartidarismo que torna mais fácil a formação de Governos – e que só merece a aprovação de 33% dos eleitores.

Entre aqueles que se mostram favoráveis à manutenção do modelo bipartidário estão os eleitores do PP (72% defendem a existência de dois grandes partidos que se revezem no poder). De resto, 92% dos eleitores do Podemos defende a entrada em cena de novos actores políticos, seguido por 71% dos eleitores do Cidadãos e de 64% daqueles que votam no PSOE.

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