Jornalistas do Financial Times aprovam greve contra mexida no fundo de pensões

Segundo o sindicato, os novos donos querem utilizar fundo de pensões para pagar a renda da sede do jornal.

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Sede do Financial Times mantém-se na posse do grupo Pearson, apesar da venda do jornal aos japoneses. REUTERS/Peter Nicholls

Os jornalistas do Financial Times vão avançar para uma greve em protesto contra a alteração no fundo de pensões proposta pelos novos patrões do grupo Nikkei.

O National Union of Journalists (NUJ), o sindicato de jornalistas do Reino Unido, publicou nesta quinta-feira um comunicado em que dá conta que a forma de protesto foi aprovada por 92% dos trabalhadores, num referendo que tinha sido agendado no final de Outubro.

Na votação participaram cerca de dois terços dos jornalistas sindicalizados do jornal, sendo que o NUJ avança que o protesto poderá coincidir com o dia em que o Nikkei conclua a aquisição do Financial Times.

Em causa está a retirada de pelo menos quatro milhões de libras (5,7 milhões de euros) do fundo de pensões do jornal em 2016 para pagar a renda do edifício onde está sedeada a publicação e para fazer face a outros custos, não especificados no comunicado do sindicato.

Em Julho, o grupo de media japonês Nikkei tornou pública a aquisição do jornal orientado para o sector financeiro, numa operação que ficaria concluída até ao final do ano. No entanto, a sede do jornal, localizada em Southwark, no centro de Londres, não foi incluída no negócio, pelo que os novos donos teriam que pagar uma renda para utilizar as instalações.

O NUJ, que apelidou a manobra como um “roubo de pensões”, condenou o grupo Nikkei e a administração do Financial Times por não honrarem os compromissos sobre os termos laborais assumidos aquando do anúncio do negócio.

Os nipónicos ainda não se pronunciaram sobre o protesto nem sobre o decorrer das negociações. Também a direcção do económico britânico ainda não comentou a paralisação.

A dirigente sindical do NUJ, Laura Davison, afirma que o resultado da votação emite uma mensagem “clara e categórica” sobre a vontade dos jornalistas da publicação, acrescentado que o futuro do FT não pode ser construído com base no “corte de pensões”.

Os delegados sindicais do Financial Times tinham uma reunião agendada para a tarde desta quinta-feira, na qual deverão ser decididas as próximas movimentações, após a administração ter efectuado uma proposta melhorada no início da semana.

A última vez que os jornalistas do diário britânico tinham anunciado uma greve foi em Março de 2012, na altura para contestar a proposta de aumento salarial, que consideravam insuficiente, pois não acompanhava o ritmo da inflação. O protesto acabou por ser desconvocado depois de administração ter revisto os termos do aumento. 

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