OPEP diz à indústria que é preciso não “entrar em pânico” com queda do petróleo

Secretário-geral dos países produtores de petróleo garante que a procura continua a crescer, mas já sinalizou que a OPEP vai cortar a produção.

Foto
Preço do petróleo já encolheu 25% desde Junho

O secretário-geral da Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo (OPEP) afirmou esta quarta-feira que não há necessidade para alarmismos com a descida dos preços do petróleo, porque a situação do mercado não se alterou muito. “A procura continua a crescer, tal como a produção continua a crescer”, disse Abdullah al-Badri, na conferência Oil & Money, um evento anual da indústria petrolífera que se realiza em Londres. Admitindo que a OPEP está a “rever a situação”, o antigo ministro do Petróleo da Líbia frisou que “o importante é não entrar em pânico”, noticia a Reuters.

Com o excesso de oferta disponível no mercado, o preço do barril de Brent já perdeu cerca de um quarto do valor desde Junho, quando cotava acima dos 115 dólares. Na quarta-feira, o barril de Brent estava a negociar nos 86,5 dólares, depois de ter atingido um mínimo de 82,6 dólares há cerca de duas semanas.

As notícias de abrandamento económico na Europa, China, Índia e Brasil também têm pesado nas cotações, além de que o crude se vê a braços com a concorrência do petróleo de xisto norte-americano, que reduziu as importações dos Estados Unidos. Ainda este mês a Agência Internacional de Energia (AIE) reviu em baixa a procura de petróleo para 2014 e 2015.

Os membros da OPEP vão reunir-se no próximo dia 27 de Novembro, em Viena. A queda acentuada de preços tem levado a que se questione se os 12 países produtores vão reduzir a oferta, para suportar as cotações. Apesar de Bradri ter afirmado no mês passado que espera que o grupo reduza os seus tectos de produção na reunião do próximo mês, há vários países que têm sinalizado que não está nos seus planos cortar nas vendas, mesmo que com preços mais baixos. É o caso da Líbia, Kuwait e Argélia.

A confirmar-se o corte de produção, seria o primeiro desde a crise financeira de 2008. Actualmente o tecto de produção da OPEP está nos 30 milhões de barris por dia e, segundo Bradri, poderia reduzir-se até 29,5 milhões. O secretário-geral da OPEP garantiu aos membros da indústria presentes na conferência de Londres que a organização não tem um objectivo de preço e que prefere deixar isso para o mercado, que há-de “estabilizar”. “O preço médio da OPEP ainda estará nos 100 dólares no final do ano, por isso estamos bem”, disse.

A resistência a reduzir o nível de produção é tanto mais evidente nos países cujas economias são largamente dependentes das receitas do petróleo. Mas a queda de preços não afecta apenas os membros da OPEP. Na Malásia (que não integra o cartel) o Governo está a fazer face à queda de preços do crude com novos impostos sobre o consumo para reduzir o défice das contas públicas.

O petróleo representa cerca de 30% do orçamento malaio e gerou receitas de cerca de 673 milhões de euros no ano passado, de acordo com dados do Bank of America, citados pela Bloomberg. Com uma queda de preços superior a 20% desde Junho, o défice malaio corre o risco de derrapar em mais 1300 milhões de dólares, escreve a Bloomberg.

Sugerir correcção
Comentar