OCDE: desaceleração dos países emergentes deve arrefecer crescimento da economia global

Organização recomenda que BCE e Banco do Japão mantenham ou considerem mesmo aumentar os estímulos económicos.

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A OCDE, liderada por Angel Gurría, concorda com a redução progressiva dos estímulos económicos por parte da Fed Miguel Manso

A recuperação da economia mundial segue a bom ritmo nos principais países industrializados, mas sobre a zona euro, o Japão e algumas economias emergentes ainda permanecem alguns riscos, alertou nesta terça-feira a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que prevê um crescimento moderado para a economia global este ano.

Se, nos Estados Unidos, a retoma segue a bom ritmo, deixando margem para a retirada progressiva dos estímulos económicos da Reserva Federal norte-americana, a recuperação está a ser mais ténue no Japão e na zona euro, nota a instituição liderada pelo economista mexicano Angel Gurría, num relatório com a actualização das previsões económicas para os principais países industrializados.

Embora tenham diminuído alguns riscos em torno do crescimento global, nomeadamente por causa da recuperação dos EUA e de uma melhoria da situação dos mercados na Europa, a OCDE mantém-se receosa em relação às “fragilidades” na zona euro e à situação do Japão.

A isso somam-se desempenhos desiguais entre as economias emergentes, onde a desaceleração económica “deverá pesar sobre o crescimento global”, avisou o economista-chefe interino da OCDE, Rintaro Tamaki, citado num comunicado da instituição. “Uma vez que as economias emergentes representam agora mais da metade da economia mundial”, o desempenho abaixo da média de “várias das principais” economias emergentes poderá “significar que o crescimento global só continuará a ser moderado no curto prazo”, enfatiza a organização numa nota.

Já para o conjunto do G7 — que junta EUA, Japão, Reino Unido, Alemanha, França, Itália a Canadá — a OCDE projecta um crescimento de 2,2% nos primeiros três meses do ano, ritmo que deverá abrandar para 2% no período de Abril a Junho.

Para a maior economia mundial, a organização projecta um crescimento (em ritmo anualizado) de 1,7% no primeiro trimestre deste ano, seguido de uma aceleração do PIB a um ritmo de 3,2%. Se, no primeiro trimestre, se prevê que o Japão tenha um crescimento de 4,8%, no seguinte, a terceira maior economia do mundo deverá registar uma contracção de 2,9%. Tanto no caso dos EUA, como do Japão, as previsões da OCDE para o segundo trimestre não foram actualizadas face às projecções divulgadas em Novembro.

Na Europa, onde a organização nota “grandes disparidades”, as três maiores economias da moeda única (Alemanha, França e Itália) deverão crescer a um ritmo anualizado de 1,9% no primeiro trimestre, e de 1,4% no segundo. O desempenho deve-se sobretudo à Alemanha, onde a previsão de crescimento é bem mais robusta do que nos outros dois países. Enquanto para a economia alemã a OCDE projecta crescimentos de 3,7% e de 2,5% (primeiro e segundo trimestres, respectivamente), para a economia francesa aponta progressões de 0,7% e de 1%, e para a economia italiana crescimentos de 0,7% e de 0,1% nos mesmos períodos.

Mais robusto deverá ser o crescimento no Reino Unido, onde se prevê que o crescimento (também em ritmo anualizado) seja de 3,3%, tanto no primeiro, como no segundo trimestre.

A organização recomenda às autoridades de política monetária da zona euro e do Japão que mantenham a trajectória das suas políticas monetárias, embora considerem que o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão devem mesmo considerar a possibilidade de aumentar os estímulos às suas economias. Isto numa altura em que a Reserva Federal norte-americana mantém em cima da mesa o seu programa de apoio à economia, embora tenha já iniciado a diminuição da dimensão do programa de compra de activos para estimular a economia.

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