Sylvain Chomet, o criador de Belleville Rendez-Vous (2002) e O Mágico (2010), está por trás desta comédia engenhosa que transporta para imagem real o espírito fervilhantemente feérico do seu trabalho de animação.

Se já sabíamos que Tati era uma referência do cineasta – que adaptou em O Mágico um guião que Tati deixara por filmar – Attila Marcel atira para o caldeirão os contos de fadas melancólicos de Jacques Demy e a “criança grande” de Pee-Wee Herman, instalando uma “bolha fantasista”, fora do tempo, no meio de uma realidade reconhecível. Podia estar paredes-meias com um Jean-Pierre Jeunet ou um Michel Gondry, mas Chomet não está nunca interessado apenas em encher o olho, preferindo sustentar os achados visuais com uma emoção sincera e transbordante que evita a queda no simples cartoon de imagem real. Attila Marcel é uma pequena delícia, merecia uma atenção que a distribuidora responsável nem sequer se preocupou em lhe dar.