Rosa Mota e Meg Stuart, Fernando Gomes e Rodrigo García no Teatro Municipal do Porto

A campeã olímpica da maratona e o campeão europeu do FC Porto juntam-se no palco do Rivoli a uma plêiade de artistas nacionais e estrangeiros, até final do ano.

Fotogaleria
Rosa Mota e Fernando Gomes são os Ícones do Desporto que vão subir ao palco do Rivoli Jose Caldeira
Fotogaleria
The Dog Days Are Over é uma criação do coreógrafo belga Jan Martens PietGoethals

Abre na próxima quinta-feira, dia 17, com É Impossível Viver, um exercício teatral a partir de Frank Kafka numa criação de Ana Luena, e fecha, a 17 de Dezembro, com uma sessão das Quintas de Leitura dedicada a Eugénio de Andrade o grande arco da programação do terceiro quadrimestre do Teatro Municipal do Porto (TMP), nos múltiplos palcos (e espaços inventados) dos seus dois edifícios: o Rivoli e o Campo Alegre.

São 16 co-produções, 26 estreias absolutas, que no final arredondarão a contabilidade de 2015 para um milhar de eventos, somando 106 espectáculos das artes do palco com 843 outras iniciativas nas áreas do cinema, exposições, encontros, workshops, residências artísticas, etc.

Estes são os números com que Paulo Cunha e Silva, vereador da Cultura da Câmara do Porto, esta quarta-feira, quis prestar contas do trabalho da sua equipa, ao mesmo tempo que, ao lado de Tiago Guedes, director do TMP, apresentava a nova programação até final do ano.

Numa espécie de balanço de um ano de actividades desde que, em Setembro de 2014, o principal teatro municipal regressou ao convívio dos portuenses com o ciclo O Rivoli já dança!, Paulo Cunha e Silva salientou “a alta rotatividade e qualidade” da programação realizada. E prometeu a manutenção dessa exigência na nova grelha agora divulgada, que manterá e desenvolverá simultaneamente “uma rede internacional” e “uma plataforma de circulação” de criadores nacionais, sem esquecer a atenção à população mais desfavorecida, ou esquecida, da cidade.

Antes de passar a palavra a Tiago Guedes, o vereador da Cultura fez questão de destacar duas iniciativas que atestam essa “conexão com a cidade”: Tempo do Corpo (25 Out.), projecto de dança contemporânea sob a direcção de Sofia Silva, que envolve 20 cidadãos, das várias freguesias, com mais de 65 anos; e Ícones do Desporto (13 e 14 Nov.), dois espectáculos – O Nome da Rosa e Bibota Douro – realizados em volta de duas figuras da cidade que se distinguiram no desporto, Rosa Mota e Fernando Gomes, respectivamente encenados por Pedro Penim e Miguel Loureiro.

Tiago Guedes socorreu-se, por duas vezes, do vídeo para documentar em imagens em movimento e discursos directos a apresentação de uma selecção das criações que o Porto vai poder ver até final de Dezembro. “Vamos todos – e vou eu próprio, que não conheço grande parte destas criações – ser surpreendidos por estes espectáculos”, disse o director artístico, enumerando alguns deles.

Começou pelo Festival Internacional de Marionetas do Porto (9-18 Out.), citando em particular a sua expectativa perante a estreia nacional de Mystery Magnet, do belga Miet Warlop, que aqui explora o cruzamento das artes visuais e de palco com o mundo dos objectos.

Ainda na carteira dos nomes internacionais, Tiago Guedes citou o regresso da coreógrafa norte-americana Meg Stuart, que se encontra já no Porto a fazer uma residência de dois meses com duas dezenas de artistas locais. Deste trabalho sairá um espectáculo que será estreado em 2017, após outra criação de Stuart, Violet, que deverá chegar também a Portugal em Julho do próximo ano.

Ainda nas artes de palco, de fora virão o francês Christian Rizzo, o argentino Rodrigo García e o belga Jan Martens. O primeiro fará a estreia nacional, no âmbito do festival Circular, de D’Aprés une Histoire Vraie (26 Set.), “um espectáculo tocante”, diz o director artístico, em que oito bailarinos e dois músicos desmontam, em palco, as fronteiras entre o que é popular e o que é contemporâneo. Rodrigo García, tornado enfant terrible do teatro europeu desde o espectáculo de choque que criou no Citemor em 2001, traz para estreia portuguesa a sua criação 4 (11 Dez.), sobre a relação do homem com a cidade contemporânea. Jan Martens fará também a estreia portuguesa de The Dog Days Are Over (4 Dez.), com oito bailarinos “numa prova que procura revelar a exaustão e os limites da condição Humana”.

Dos criadores portugueses haverá produções novas das coreógrafas Mara Andrade, Um Triste Ensaio Sobre a Beleza (4 Out.), e Né Barros, Lastro (30 Out.). E também teatro de André Braga & Cláudia Figueiredo, da Circolando, Noite (27 Nov.), e, do Palmilha Dentada, Os Observadores de Pássaros (24 Set.). Além de Baile (2 Out.), com que Carla Maciel & Sara Carinhas colocam em cena cinco mulheres e uma banda a renderem homenagem à alegria.

Na música, o sub-palco do Rivoli continuará a ser lugar para a revelação de novas bandas: Esplendor Geométrico (26 Set.), The Glockenwise (30 Out.), Salto (14 Nov.) – a banda que ao final da tarde desta quarta-feira, nos bastidores da Teatro do Campo Alegre tornado recinto de arraial e churrasco popular, iria animar a sessão de apresentação para o público em geral da programação do TMP e Anarchicks (4 Dez.)

Continuará também a haver cinema – com a chegada ao Porto do festival Queer (7 Out.) como principal novidade –, exposições, encontros, e um Campo Aberto de residências artísticas e bolsas de criação. E a segunda edição do Fórum do Futuro (1-8 Nov.), para a qual Paulo Cunha e Silva só anunciou  para além da presença já anunciada pelo PÚBLICO da arquitecta canadiana Phyllis Lambert –, para encerrar o programa, o nome de Gilles Lipovetsky, o filósofo francês “que é o grande teórico da felicidade”, nota o vereador, referindo-se ao conceito que, de resto, cunhou como tema para a acção do seu pelouro durante o corrente ano. E para a qual teve um orçamento global de milhão e meio de euros, 795 mil dos quais foram mobilizados para a ambiciosa programação agora anunciada.

Sugerir correcção
Comentar