Oliveira faz filmes “cada vez mais curtos”, mas continua a dar vivas ao cinema

O realizador de O Velho do Restelo foi esta terça-feira feito Grande Oficial da Legião de Honra de França, no Porto. O novo filme estreia-se em Portugal na quinta-feira, dia do 106º aniversário.

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Manoel de Oliveira durante a condecoração Fernando Veludo/NFactos
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Manoel de Oliveira e o secretário de Estado da Cultura, Barreto Xavier Fernando Veludo/NFactos
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O selo especial que será lançado Fernando Veludo/NFactos

Nas vésperas de atingir os 106 anos, Manoel de Oliveira agradeceu assim, telegraficamente, a condecoração que ao final da tarde desta terça-feira recebeu do Estado francês, no Porto: “Os meus filmes são cada vez mais curtos e os meus discursos também. Obrigado à França. Viva o cinema!”.

Foi na sala da administração do Museu de Serralves – que se mostrou pequena para tantos admiradores e família do realizador de O Velho do Restelo, mas visivelmente confortável e afectiva – que o embaixador de França, François Blarel, impôs a faixa vermelha e as insígnias (duas estrelas) com que o Presidente François Hollande atribuiu a Oliveira o grau “dignitário” de Grande Oficial da Legião de Honra.

Antes, depois das boas-vindas do presidente de Serralves, Luís Braga da Cruz, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, saudaram a figura e a obra de Oliveira.

Na biografia sucinta que traçou da longa vida – as “várias vidas” – do realizador, o embaixador francês classificou-o como “um génio do cinema”, autor de “uma obra de uma modernidade radical, sempre a experimentar novas estéticas”. François Blarel lembrou ainda a relação antiga que Oliveira tem com a França, onde rodou e viu serem apoiados vários dos seus projectos. O realizador, que chegara de pé à sala de Serralves, agradeceu com o sorriso de uma criança feliz. E, no íntimo, terá também pensado: “Viva a França!”.

Novo filme e novo selo

A curta-metragem O Velho do Restelo, o seu filme mais recente, que teve estreia mundial no Festival de Veneza, chega esta quinta-feira às salas portuguesas. Em Lisboa, vai ser exibido no Cinema Ideal e, no Porto, no Teatro Rivoli, no âmbito do festival Porto/Post/Doc, que assim assinala o 106º aniversário do realizador.

Ainda no Porto, o Museu Nacional de Imprensa (MNI) homenageia também Oliveira a 11 de Dezembro com várias iniciativas. Na Estação de São Bento, ao longo de todo o dia, fará a aposição de um carimbo de aniversário. Entre os convidados estarão Fernanda “Teresinha” Matos, a actriz de Aniki-Bóbó (1942), e Ricardo Trepa, neto e actor de Oliveira, que, pelas 11h, lerá um texto dele sobre as relações do capital com o cinema, de 1933.

Os locais de rodagem dos primeiros filmes do realizador na Ribeira portuense vão ser também imortalizados com a instalação de placas em zincogravura com fotogramas de Aniki-Bóbó e de Douro, Faina Fluvial (1931), que serão descerradas por volta do meio-dia.

O MNI edita ainda um selo especial e um postal com a imagem do Prémio Especial de Caricatura do festival PortoCartoon.

Também Serralves se associa à homenagem a Oliveira cuja futura Casa do Cinema está projectada para o parque da Fundação, segundo um projecto já conhecido do arquitecto Álvaro Siza –, com a edição prevista até final do ano do 3º volume do catálogo relativo à obra do realizador, e que começou a ser lançado em 2008, aquando da realização da grande exposição retrospectiva do centenário. A publicação conclui a conversa sobre a obra de Oliveira, entre João Bénard da Costa, o desaparecido director da Cinemateca, e João Fernandes, ex-director do Museu de Serralves, e contém ainda textos do actor Luís Miguel Cintra e do professor e ensaísta António Preto.

Notícia actualizada às 15h50
 

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