Kodak chega a acordo com os maiores estúdios de Hollywood para salvar a película

Disney, Fox, Paramount, Sony, NBC Universal e Warner Bros já se comprometeram a comprar película. Empresa quer chegar agora aos independentes.

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Não foram divulgados dados, mas o acordo é por alguns anos Daniel Rocha

A película não vai acabar. E a Kodak também não. 2015 é o ano do regresso da empresa, depois da falência declarada em 2012. A empresa voltou virada para os telemóveis, tablets e câmaras digitais mas não esquece a nostalgia do passado e assumiu o compromisso de não deixar morrer os filmes em película. Disney, Fox, Paramount, Sony, NBC Universal e Warner Bros já assinaram o compromisso. A Kodak procura agora chegar ao cinema independente.

Os detalhes do acordo não foram revelados mas, segundo o Hollywood Reporter, a Kodak conseguiu negociar com os maiores estúdios de cinema norte-americanos a produção de uma certa quantidade de filmes em película. Ou seja, a Kodak conseguiu, depois de conversações que começaram no Verão do ano passado, que os estúdios da Disney, Fox, Paramount, Sony, NBC Universal e Warner Bros, os gigantes de Hollywwod, lhe comprem película durante “alguns anos”.

Não se sabe qual a quantidade acertada nem os valores envolvidos mas o Hollywood Reporter escreve que o que foi negociado é o suficiente para a Kodak, a última em Hollywood a trabalhar com película, estender o negócio da produção de película. Este é assim o regresso da empresa ao cinema, onde em tempos foi uma das maiores empresas. Com a passagem para o digital, a Kodak não resistiu à mudança e sofreu uma queda nas vendas de pelicula de 96% na última década.

Nas salas de cinema de todo o mundo, as cópias exibidas são digitais e não mais de película. Nos últimos anos, em especial nos últimos três anos, o fim da película tem sido ditado um pouco por todo o lado à medida que os suportes se vão alterando. Ainda no passado, a Paramount foi notícia ao deixar de usar a película em favor do digital no mercado norte-americano. O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese, ficou conhecido como o primeiro título de um grande estúdio a ter um lançamento exclusivamente digital nos Estados Unidos.

Com o negócio agora celebrado com a Kodak, a Paramount dá então um passo atrás ao comprometer-se a comprar película. Isto não significa, no entanto que as empresas não continuam a dar prioridade ao digital, até porque este tem custos mais baixos para os estúdios. Segundo as contas de várias publicações, os custos de impressão e distribuição de um filme em película oscilam entre os 1100 euros e os 1500 euros, enquanto a circulação em digital ronda os 73 ou 110 euros por cópia.

Andrew Evenski, presidente do departamento de entretenimento e filmes comerciais da Kodak, disse ao Hollywood Reporter que a empresa está agora “a trabalhar activamente com os independentes”. “Estamos neste momento a fazer as coisas filme a filme com a esperança de conseguirmos alguns acordos também”, acrescentou o responsável, contando que a Kodak aproveitou aquele que é considerado um dos mais importantes festivais de cinema independente, o Sundance, para lançar a campanha Film Worthy. O objectivo, explicou, é que os realizadores indies percebam que também podem filmar em película sem para isso gastar balúrdios.

Evenski disse ainda que pretende chegar a acordo também com os cinemas independentes para que estes continuem a ter salas onde as cópias exibidas são em película, admitindo que esta seja uma tarefa difícil uma vez que a transição para o digital já foi feita um pouco por todo o lado. Mas o objectivo não é só o mercado norte-americano e Evenski vê uma possibilidade de negócio fora dos Estados Unidos em mercados que não estão ainda tão avançados, como em países da América do Sul.

Apesar da mudança, há muitos realizadores ainda que se tentam manter fiéis à película. J.J. Abrams filmou o novo filma da saga Guerra das Estrelas, que chegará às salas no final deste ano, em 35mm assim como Christopher Nolan usou película em Interstellar. Quentin Tarantino e Judd Apatow também não perdem a oportunidade de gabar as vantagens de filmar em pelicula em vez do digital.

E não são os únicos. Entre os nomeados aos Óscares deste ano há seis filmes rodados desta forma: Boyhood – Momentos de Uma Vida, The Grand Budapest Hotel, O Jogo da Imitação, Interstellar, Foxcatcher e Caminhos da Floresta.

Este ano ainda, além de Episódio VII  – The Force Awakens, vão chegar aos cinemas filmes rodados em película como Missão Impossível 5, Jurassic World, O Homem-Formiga ou Cinderela.

“A película foi durante muito tempo, e continuará a ser, uma parte vital da nossa cultura”, escreveu em comunicado o director-executivo da Kodak, Jeff Clarke. “Com o apoio dos estúdios, continuaremos a produzir películas, com a sua incomparável riqueza e textura, para permitir aos realizadores contar as suas histórias e demonstrar a sua arte.”

Andrew Evenski resume numa frase ao Hollywood Reporter o que espera deste negócio: “Quero que as pessoas se entusiasmem outra vez com a película”.

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