Strand publica inédito de Tennessee Williams

Conto descoberto oitenta anos após ter sido escrito chama-se Crazy Night e descreve uma debochada festa universitária

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Tennessee Williams

Um conto inédito do escritor norte-americano Tennessee Williams (1911-1983), Crazy Night [Noite Louca], foi publicado no mais recente número da revista norte-americana Strand, que ainda não chegou às bancas, mas pode já ser encomendado no site da publicação (http://www.strandmag.com).

Embora seja sobretudo reconhecido como um dos maiores dramaturgos do século XX, Williams escreveu também dois romances e um número considerável de histórias breves, entre as quais A Noite da Iguana, adaptada ao cinema por John Huston. Crazy Night descreve uma desregrada festa de sexo e álcool num campus universitário não identificado, e terá sido escrito no início dos anos 30 do século passado, quando o próprio Williams era estudante universitário.

O conto, até agora desconhecido, foi descoberto na Universidade do Texas por Andrew Gulli, editor da Strand, e o seu título alude a um ritual universitário de final de período escolar, uma festa “febrilmente alegre” à superfície, mas que, na verdade, escreve Williams, era “a noite mais triste do ano”.

Uma das personagens de Crazy Night é uma estudante chamada Anna Jean, provável alusão a Anna Jean Donnel, colega de universidade de Tennessee Williams e uma das raras mulheres com quem o dramaturgo, homossexual, terá chegado a manter um envolvimento romântico.

Já na sua obra, as personagens mais densas e complexas tendem a ser mulheres, como a fantasiosa Blanche Du Bois, de Um Eléctrico Chamado Desejo (1947), inspirada na mãe do dramaturgo, ou a Amanda de Algemas de Cristal (1944), cuja filha tímida e hípersensível, Laura, se baseia na irmã mais velha de Tennessee Williams, Rose, incapacitada na sequência de uma lobotomia.

O conto agora descoberto é o prato forte deste número de Primavera da Strand, uma revista que começou a publicar-se ainda no século XIX – divulgou em primeira mão algumas das histórias de Conan Doyle protagonizadas por Sherlock Holmes – e que, com alguns sobressaltos, chegou ao século XXI, tendo agora periodicidade trimestral.

 

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