Morreu o escritor norte-americano Peter Matthiessen

Peter Matthiessen foi um dos fundadores da Paris Review.

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Peter Matthiessen estava doente há algum tempo DR

O escritor norte-americano Peter Matthiessen, fundador da Paris Review e único autor a vencer o National Book Award nas categorias de ficção e não ficção, morreu neste sábado aos 86 anos. Autor de mais de 30 livros, Matthiessen morreu de leucemia.

Peter Matthiessen, que não tem nenhuma obra publicada em Portugal, era um dos últimos sobreviventes da geração de escritores que surgiu imediatamente depois da Segunda Guerra Mundial, como lembra o New York Times, que coloca o autor ao lado de nomes como William Styron, James Jones, Kurt Vonnegut and E. L. Doctorow.

Apesar de nenhuma obra de Peter Matthiessen estar traduzida para português, em Portugal estão publicadas, pela Tinta-da-china, com edição e tradução de Carlos Vaz Marques, várias entrevistas que o autor fez na revista The Paris Review, a escritores como William Faulkner, Ernest Hemingway ou Jorge Luis Borges. A Paris Review foi aliás fundada por Matthiessen com George Plimpton e Harold L. Humes.

Matthiessen fundou a revista em 1953 mas na altura era um espião da CIA. Emprego que na altura aceitou, como lembra a rádio NPR no obituário do escritor, por "ser considerado patriótico juntarmo-nos à CIA". "Era o fim da Guerra Fria", lembrava o escritor, mostrando-se arrependido pela escolha. "Não sabia que viria a desprezar a CIA."

Peter Matthiessen, também conhecido pela sua veia naturalista e muito ligada ao ambiente e ao mundo animal, foi o único escritor a vencer o National Book Award em duas categorias (ficção e não ficção). O National Book Award é um dos mais importantes prémios literários atribuídos anualmente pela indústria livreira norte-americana.

O escritor norte-americano começou por ser premiado na categoria de não ficção, em 1979, com The Snow Leopard, sobre a sua viagem aos Himalaias atrás do leopardo das neves, uma espécie em vias de extinção. Ao longo da sua vida foram várias as suas viagens contadas em livros. Peter Matthiessen andou por exemplo pela Antárctida e pela Austrália, mas também explorou os Estados Unidos de uma ponta à outra, para escrever sobre o ambiente e a vida selvagem.

Em 1961 a sua viagem ao Brasil, que resultou no livro At Play in the Fields of the Lord (Brincando nos Campos do Senhor), foi mais tarde, em 1991, adaptada ao cinema por Hector Babenco.

Mais tarde, em 2008, o escritor viria a ser distinguido na categoria de ficção com o livro Shadow Country, um romance que ficciona a vida de Edgar J. Watson, um suposto serial killer de século XIX.

“Eu sou um escritor. Um escritor de ficção que também escreve não-ficção em nome de causas ou publicações sociais e ambientais, e sobre expedições a lugares selvagens”, descreveu-se uma altura Matthiessen, citado agora pela BBC.

A sua última obra, In Paradise, chega às lojas norte-americanas já na terça-feira editado pela Riverhead Books.

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