Escritor norte-americano Paul Auster morre aos 77 anos

O autor de Mr. Vertigo, 4 3 2 1 e Leviathan morreu em sua casa, em Nova Iorque, vítima de cancro do pulmão.

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Auster morreu vítima de cancro do pulmão BOB STRONG / REUTERS
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Morreu esta terça-feira, com 77 anos, o romancista norte-americano Paul Auster, autor de obras como A Trilogia de Nova Iorque e Mr. Vertigo. A informação foi avançada pelo The New York Times, a quem Jacki Lyden, uma amiga do escritor, confirmou que Auster morreu em casa, em Nova Iorque, devido a complicações relacionadas com o cancro do pulmão.

Paul Benjamin Auster nasceu no seio de uma família judia em Newark, Nova Jérsia, em Fevereiro de 1947. Estudou na Universidade de Columbia – onde conheceu a primeira mulher, a também escritora Lydia Davis, com quem teve um filho em 1977 – nos anos 1960. No início da década seguinte, mudou-se para Paris, uma das cidades onde a sua obra se tornou mais célebre.

Acabou por encontrar em Brooklyn uma cidade que fez quase tão sua como Nova Jérsia, e que acabou por servir de pano de fundo para vários livros. "Paul Auster era 'o' romancista de Brooklyn nos anos 1980 e 1990", disse a escritora Meghan O'Rourke ao New York Times.

Temas como o acaso, o destino e a perda, foram centrais em vários momentos da sua obra. O escritor chegou a admitir que em parte, estes temas espelhavam episódios da vida real. Aos 14 anos, por exemplo, enquanto escalava durante uma tempestade, viu um rapaz morrer à sua frente atingido por um raio. Sobre o episódio, Auster chegou a afirmar: "Acho que isso talvez tenha influenciado o meu trabalho mais do que qualquer livro que já li."

O seu estilo de escrita foi descrito, em 2010, pela escritora Joyce Carol Oates, como "altamente estilizado, excêntrico de uma forma peculiar" com "narradores que raramente eram fiáveis", cita o The Guardian.

"Sempre tentei escrever o que para mim é bonito, verdadeiro e bom. Mas também me interesso em inventar novas formas de contar histórias. Queria virar tudo do avesso", considerou a certa altura. As suas histórias construíam-se, sobretudo, a caneta. "Os teclados sempre me intimidaram", afirmou, segundo o New York Times. "Escrever sempre teve uma parte táctil para mim. É uma experiência física", explicou.

Apesar de norte-americano, a obra de Paul Auster ficou mais célebre na Europa. "Auster é uma estrela de rock em Paris", dizia um artigo da revista New York, citado pelo Guardian. Foi galardoado com o Prémio Príncipe das Astúrias de Literatura 2006, feito Comendador da Ordem das Artes e das Letras de França em 2007 e é membro da Academia Americana de Artes e Letras e da Academia Americana de Artes e Ciências.

Em Portugal, Paul Auster tem grande parte da obra publicada, em particular romances, como Mr. Vertigo, Palácio da Lua, Música do Acaso, Leviathan, A Trilogia de Nova Iorque, Timbuktu, O livro das ilusões, As loucuras de Brooklyn, O homem na escuridão e 4 3 2 1, com o qual foi finalista ao Booker Prize.

Também se aventurou no mundo do cinema, tendo chegado a realizar três filmes: A vida interior de Martin Frost, de 2007, que foi em parte rodado em Portugal, Lulu on the Bridge (1998) e Fumo Azul (1995).

O último capítulo da obra de Paul Auster, Baumgartner, foi lançado em Outubro de 2023. O livro conta a história de um professor septuagenário viúvo a lidar com o luto da perda.

Paul Auster deixa a mulher, a também escritora Siri Hustvedt, duas filhas, Sophie e Janet Auster, e um neto.

Com Lusa

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