O incêndio em Pedrógão visto de fora

Jornais estrangeiros continuam a publicar artigos sobre a tragédia.

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Paulo Pimenta

O mortal incêndio no centro de Portugal atraiu as atenções de jornalistas de todo o mundo. Três dias depois de ter começado o fogo em Pedrógão Grande e que ainda não foi dominado, há reportagens com destaque em jornais espanhóis como o El País, La Voz de Galicia, e norte-americanos como o New York TimesPolitico (edição europeia) e o Huffington Post (na edição castelhana).

O norte-americano New York Times publicava na noite de segunda-feira (já terça em Portugal) uma reportagem no terreno, com testemunhos revelador da "confusão" vivida na noite em que o incêndio deflagrou. É relatado o exemplo de Aires Henriques, que "acabou por conduzir durante várias horas por estradas secundárias para contornar a zona de incêndio", depois de as autoridades terem dado ordem ao condutor para abandonar o IC8 e tomar "outra rota, sem especificar qual". "Há turistas e outras pessoas que provavelmente não faziam ideia para onde estavam a ir", diz ao diário nova-iorquino.

No Reino Unido, o Guardian fazia esta terça-feira manchete no seu site com as "perguntas" começam a ser feitas sobre "o elevado número de mortos", citando, entre outras fontes, o artigo de Ana Fernandes, Alexandra Campos e Natália Faria no PÚBLICO sobre tudo o que "falha há décadas" na prevenção dos incêndios em Portugal.

O El País publicou na homepage uma reportagem nas aldeias de Nodeirinho e de Figueira onde morreram dezenas de pessoas por causa do fogo. Na fotografia vê-se apenas uma flor que sobreviveu às chamas junto a um carro carbonizado num cenário negro.

O site Político escreveu sobre a Estrada Nacional 236, agora conhecida como a estrada da morte, e onde dezenas de pessoas ficaram encurraladas dentro dos carros pelo fogo. O artigo aponta a existência de grandes extensões de eucalipto como tendo contribuído para a propagação rápida das chamas.

Já o La Voz de Galicia assinala que a tragédia de Pedrógão Grande “abre a primeira brecha” no Governo de António Costa e que “a descoordenação entre o Executivo, Protecção Civil e forças de segurança é cada vez mais evidente”.

As críticas à gestão florestal do país são também o centro de um artigo do Huffington Post, na versão castelhana. Com informação factual sobre o número de vítimas, o artigo dá conta do "duríssimo comunicado" da Quercus que exige "apuramento de responsabilidades" e relembra "erros dos sucessivos governos" na gestão das florestas. E antevê que, no momento de apurar responsabilidades, a "geringonça" pode abrir brechas.

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