Alunos da pior escola do ranking ganham concurso e bolsa na UTAD

Os dois alunos venceram o concurso de matemática MATUTAD, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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Os alunos ficaram com as duas bolsas de estudos de 1019 euros que a UTAD definiu como prémio Daniel Rocha

Dois alunos do 12.º ano da Secundária de Valbom, em Gondomar, última classificada do ranking em 2015, venceram um concurso de matemática na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), ganhando bolsas de estudo. Os alunos garantem que as bolsas "vão fazer muito jeito".

Falando hoje à Lusa, Pedro Machado e Cátia Viana explicaram que integraram um grupo de oito alunos que no sábado concorreram contra estudantes de três escolas de Trás-os-Montes no MATUTAD - concurso de Matemática da universidade sediada em Vila Real.

Ao perfazerem 132 pontos na avaliação, num máximo de 200, numa prova a pares, ficaram com as duas bolsas de estudos de 1019 euros que a UTAD definiu como prémio.

"Eu nem queria ir, não me sentia muito inspirado", confessou à Lusa Pedro Machado que, à semelhança de Cátia Viana, frequenta o 12.º A em Valbom, concelho de Gondomar. Tal como os sete colegas, pagou do seu bolso os 14 euros da viagem de autocarro que o obrigou a sair da cama às 6h de sábado para uma viagem de quase três horas até Vila Real.

E num teste "de 30 minutos, extenso e com perguntas que obrigavam a pensar muito, não foi possível fazer melhor", confessou Pedro Machado, que quer seguir Economia e que reconhece que a bolsa "vai fazer muito jeito" depois de a visita que fizeram à universidade enquanto esperavam pelos resultados o ter "deixado entusiasmado".

A colega quer seguir Psicologia mas, apesar de gostar de Matemática e de ter sido bem-sucedida na prova, mantém o "desejo de seguir aquela especialidade e que pode aprender na UTAD, assim beneficiando da bolsa".

"Não estávamos à espera de ganhar", disse Cátia, acrescentando Pedro que "contava com uma classificação até ao terceiro lugar, pois concorriam contra turmas completas".

Inseridos no mesmo concelho onde um dos colégios que viu cessado os contractos de associação, os alunos confessaram nunca terem sentido essa atracção, com Cátia a revelar ter preferido continuar a mostrar o seu "mérito" na escola pública.

Filipa Silva, finalista das Olimpíadas de Biologia, optou também por continuar na pública quando o convite surgiu para enveredar pelo privado. "Também tive essa oportunidade de ir para esse colégio, mas prefiro mil vezes continuar na escola pública. Acho esta escola fantástica", frisou.

Pedro Machado concorda com o final dos contractos de associação tal como concorda que haja possibilidade de escolha pelos pais da escola onde o filho estude, "mas daí a serem os contribuintes a pagarem uma escola privada, isso não. Se os querem lá, que paguem do seu bolso".

"Tenho orgulho em frequentar a escola pública e o ranking não é uma realidade, mas apenas números. No Colégio Paulo VI só lá entra quem tem as melhores notas, daí a sua boa classificação no ranking", sublinhou Pedro, acrescentando a Cátia: "Aqui todos têm a mesma oportunidade".

"Por um ponto afastada da final nacional das Olimpíadas de Biologia", Filipa Silva, que quer seguir Bioquímica e é aluna do 11º ano, defende "a valorização da escola pública" e diz que "não são os rankings que fazem as escolas". No concurso, que envolveu 30 mil alunos, restam os 50 melhores nacionais que vão apurar os quatro que irão disputar no Vietname a final mundial.

Para Paulo Ribeiro, adjunto da direcção do Agrupamento de Escolas de Valbom, a participação nestes concursos representa "mais-valias e novos horizontes para os alunos envolvidos". Defendeu ainda que foi "meramente circunstancial" a circunstância de os alunos frequentarem uma escola "catalogada como a pior escola do país" e declarou que este ano se esperam ali "bons resultados nos exames".

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