O fim da geringonça está próximo

O futuro de Portugal e dos Portugueses não é dos slogans.

Sejamos brutalmente claros: a Alemanha não tem qualquer superioridade moral para ditar comportamentos seja a quem for. Com Portugal à cabeça, que é um país livre e soberano muito mais antigo e com muito mais provas universalmente dadas. Fala-se alemão onde?

Mas a absoluta e muito simples realidade, infelizmente, diz-nos que, hoje por hoje, a Alemanha é muito mais bem governada do que Portugal e convém ouvir e ponderar o que por lá dizem. Andamos há demasiado tempo entretidos com a vaga de hardcore político e ideológico de terceiro grau mobilizado pela esquerda oligárquica de gestão das rendas e anarco-sindical que superintende a coisa pública.

Mas sob o autêntico mar de propostas fracturantes com que propositadamente nos alucina todos os dias (da personalização dos animais até às barrigas de aluguer, eutanásia e tudo), a geringonça portuguesa está a levar a cabo uma “mudança fundamental da política” que levará a um aumento da dívida e a uma erosão da competitividade, como anotava por estes dias em relatório o banco alemão Commerzbank. E o relatório diz mais: que Portugal pode rapidamente descambar numa situação parecida com a que a Grécia viveu no último verão. E que se o rating da agência DBRS cair (e cairá, se faltar empenho no equilíbrio das contas públicas) Portugal deixará de contar com o respaldo decisivo das compras de dívida por parte do BCE. A menos que peça um novo resgate, anotava por fim o banco alemão.

Pelo que suponho que, salvo uma rápida e consistente mudança de rumo político da geringonça, o que se afigura muito difícil e muito remoto face à lógica de indiferentismo e de inconsciência genética das clientelas que serve, a queda deste Governo está a prazo contado e relativamente curto.

Tem, portanto, toda a razão, o CDS em organizar-se e fazer o trabalho de casa metódico, em reunir amplas equipas de trabalho para identificar e estudar os problemas com profundidade, em alinhar diagnósticos, propor metodologias e soluções.

E apostar na convergência e mobilizar consensos.

O futuro de Portugal e dos portugueses não é dos slogans. E já agora: não creio que a salvação do regime (e seria mais uma vez providencial), venha de uma qualquer deriva ou interpretação presidencial – como sugeria Vasco Pulido Valente. A salvação do regime somos nós todos. Os portugueses. Com mais literacia, com mais liberdade, com mais organização e menos “pão e circo”. Desse ponto de vista, o actual CDS pode ser e já é um espaço de enorme oportunidade.

Advogado, membro da comissão política nacional do CDS

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