Agência Europeia do Medicamento terá "pouca folga" nos próximos anos

Director-executivo da entidade que o Governo quer levar para o Porto vê a saída de Londres como um factor de instabilidade no curto prazo.

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Guido Rasio cumpre o segundo mandato como director-executivo da EMA REUTERS/Finbarr O'Reilly

A Agência Europeia do Medicamento tem uma “longa lista de desafios”, mas a saída do Reino Unido (consequência do “Brexit”) dará “pouca folga” aos responsáveis. Isto porque “o impacto da saída do Reino Unido e a mudança da sede da agência vão colocá-la sob enorme pressão”, diz o director-executivo desta entidade, Guido Rasi, numa entrevista ao jornal publicado pela agência portuguesa, o Infarmed.

Portugal candidatou-se a receber esta agência, apresentando o Porto como alternativa à sede acutal, Londres. Na corrida estão 19 cidades europeias, o Porto e mais 18 concorrentes como Barcelona, Lille, Bona ou Copenhaga. A candidatura que sair vencedora deste processo ficará com “a peça central do mercado único dos medicamentos na União Europeia”, afirma o mesmo responsável, que cumpre o segundo mandato como director-executivo desta agência.

“A lista de desafios é longa”, prossegue Guido Rasi. E dá exemplos: “a sustentabilidade da investigação e o desenvolvimento de medicamentos na UE”; a “falta de medicamentos para tratar infecções causadas por bactérias multirresistentes”; a “protecção dos doentes contra rupturas de cadeias de distribuição global demasiado expandidas”.

Porém, “nos próximos anos teremos muito pouca folga para lidar com estes desafios de saúde pública”, sublinha este italiano natural de Padova, formado em medicina e professor de microbiologia. A razão é a mudança forçada da sede, que terá de deixar de estar na capital inglesa por causa da saída do Reino Unido da União Europeia.

Uma consequência do voto expresso em referendo em 2016 e que, diz o director-executivo da agência mais conhecida pela sigla inglesa (EMA), vai “colocar a EMA sob enorme pressão”. “Neste contexto teremos de focar os nossos recursos nas nossas actividades principais, relacionadas com a autorização e supervisão dos medicamentos, para garantir que continuaremos a avaliar medicamentos e a proteger a saúde dos cidadãos da UE”, explica.

Sobre o sucesso da EMA, Guido Rasi diz que este assenta na rede das agências nacionais, como o Infarmed em Portugal. “É a espinha dorsal”, sublinha, porque “dá à EMA acesso a uma bolsa de excelentes cientistas de toda a Europa, de onde retiramos os melhores peritos na regulação europeia de medicamentos”. 

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