PCP pede resistência à “ingerência” europeia na CGD e OE2017

Líder da bancada comunista acusa Marques Mendes, PSD e CDS de desestabilizarem a CGD para beneficiar os bancos privados.

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Nuno Ferreira Santos

O líder parlamentar comunista apelou esta segunda-feira à resistência de Portugal face à "ingerência" das instituições europeias na Caixa Geral de Depósitos (CGD) e no Orçamento do Estado, contrariando também assim a "estratégia" de PSD/CDS.

Numa declaração na sede nacional do PCP, João Oliveira criticou a "convergência" do antigo líder social-democrata e agora comentador político na SIC, Marques Mendes, com a acção de PSD e CDS "na desestabilização da CGD, visando a fragilização no plano mais longo para liquidar o banco público e o objectivo mais imediato de criar negócio para os bancos privados".

Marques Mendes revelou, no domingo, uma carta do Banco Central Europeu (BCE) que questionava o alegado plano de contratação de 19 administradores para o banco público, a possível acumulação de funções do presidente do conselho de administração e comissão executiva, a experiência bancária de alguns dos nomes em causa e possíveis conflitos de interesse, além da necessidade de um plano de recapitalização alternativo à intervenção estatal. Essa carta já data, no entanto, de há um mês.

"Aquilo que se coloca é a exigência de, não só resistir às imposições e tentativas de ingerência das instituições europeias, nomeadamente o BCE, mas também de dar combate e derrotar as estratégias de PSD e CDS, que procuram liquidar a CGD, criando dúvidas, especulações ou fragilizando a instituição bancária", afirmou o deputado comunista, sublinhando o apoio à recapitalização do banco público para apoiar a economia portuguesa.

O deputado do PCP repetiu a receita de resposta ao "processo de chantagem" da Comissão Europeia e eventuais sanções por incumprimento das metas do défice de 2015: "Resistir e enfrentar as pressões da União Europeia, defendendo a soberania nacional e o caminho de desenvolvimento para o país."

"Durante quatro anos assistimos a uma situação em que a Comissão Europeia ditava e o Governo, diligentemente, cumpria. O resultado está à vista: desemprego, pobreza, destruição da economia, meio milhão de portugueses emigrados", lamentou João Oliveira, apelando aos órgãos de soberania nacionais para a rejeição de operações de pressão sobre o país.

O Governo socialista já respondeu ao colégio de comissários europeus, reiterando que a adopção de sanções seria injusta, porque Portugal está "no caminho certo para eliminar o défice excessivo", e teria "um impacto altamente negativo" no apoio do povo português ao projecto europeu.

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