Sondagem: AD e PS continuam separados por um ponto, 43% querem PS a apoiar Governo da AD

Sondagem do Cesop mantém AD e PS separados por apenas um ponto e o Chega nos 19%, e mostra o Livre à frente de BE e CDU. Quase dois terços dos inquiridos antevêem que Governo não conclui a legislatura

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Pedro Nuno Santos e Luis Montenegro antes do frente a frente realizado para as legislativas de 10 de Março Nuno Ferreira Santos
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Volvidos dois meses e meio das eleições legislativas de 10 de Março, a sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) coloca a Aliança Democrática (coligação entre PSD, CDS e PPM) e o PS em empate técnico e separados por apenas um ponto percentual. E revela que 43% dos inquiridos consideram que no actual cenário parlamentar a melhor solução de governabilidade consistiria num executivo apoiado por PSD, CDS e PS, sendo que os socialistas são os mais entusiastas desta solução.

O estudo de opinião da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1 atribui 30% das intenções de voto à AD, 29% ao PS e 19% ao Chega. Estes valores estão em linha e mantêm as diferenças registadas nas últimas legislativas, em que, segundo os dados oficiais publicados em Diário da República, a aliança protagonizada por Luís Montenegro conseguiu um total de 30,14%, os socialistas 29,26% e os populistas 18,88%.

A Iniciativa Liberal (IL) persiste com 5% na quarta posição, empatada com o Livre, que consegue melhorar face aos 3,31% registados no último acto eleitoral e superar os restantes partidos da esquerda parlamentar. Segue-se o Bloco de Esquerda (4% face aos 4,6% nas legislativas), a CDU (3%, depois dos 3,33% de Março) e o PAN (2%, o mesmo que conseguiu há dois meses e meio).

A relação de forças é idêntica na intenção directa de voto, sem distribuição de indecisos: a AD regista 26%, o PS 25%, o Chega 16%, a IL e o Livre 4% cada, o BE e a CDU 3% e o PAN 1%.

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Tendo em conta o sentido de voto nas últimas legislativas, a CDU (88%) e o Livre (85%) são as forças políticas com maior capacidade para reter eleitorado. IL (63%) e BE (63%) são os partidos com menor capacidade para manter eleitores fidelizados.

Mais de 40% querem bloco central

Numa altura em que permanece a incerteza sobre se, e como, conseguirá o Governo da AD ter condições para concluir a actual legislatura, perto de metade dos inquiridos aponta uma solução de bloco central informal como a melhor para a governabilidade, dada a estreita maioria relativa que PSD e CDS têm no Parlamento.

Para 43% dos inquiridos pelo Cesop, o melhor para o país seria um governo apoiado no Parlamento por PSD, CDS e PS, uma espécie de bloco central alargado. A solução actual, com sociais-democratas e centristas como único suporte parlamentar do executivo, recolhe a preferência de 23% dos entrevistados, ao passo que um governo apoiado por PSD, CDS e Chega é a melhor opção para 22%.

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A preferência por uma solução de bloco central é mesmo esmagadora (72%) junto dos eleitores socialistas. Diversos autarcas do PS, com a presidente da Associação Nacional de Municípios, Luísa Salgueiro, à cabeça, ou o candidato derrotado na disputa interna de Dezembro, José Luís Carneiro, defendem que o partido liderado por Pedro Nuno Santos deve dialogar com o Governo com vista à viabilização do Orçamento do Estado para 2025.

Já 84% dos inquiridos que se assumem eleitores do Chega, força política auto-intitulada e na prática anti-sistema, defendem que o partido deve apoiar, com PSD e CDS, o executivo.

Mais divididos estão os eleitores da AD, com 40% a preferirem a actual solução e 41% a quererem juntar os socialistas ao apoio ao Governo. Apenas 14% do eleitorado da AD aposta num apoio parlamentar do Chega, PSD e CDS.

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Relativamente ao facto de a oposição ter aprovado, à revelia da vontade do executivo, medidas como o alívio do IRS ou o fim das portagens nas antigas Scut – votações em que bastaria o PS ou o Chega terem votado contra para as inviabilizar –, 50% consideram que os partidos “fazem bem” e 6% “muito bem”. Apenas 30% dizem que a oposição “faz mal” ou “muito mal”.

Após anúncios como o alargamento do universo de cidadãos que poderão aceder ao Complemento Solidários para Idosos, medicamentos gratuitos para os beneficiários desta prestação social ou da decisão sobre a localização do novo aeroporto, o executivo de Luís Montenegro é avaliado como “razoável” por 51% dos inquiridos pelo Cesop.

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De resto, o Governo tem mais opiniões negativas (8% classificam-no como “muito mau” e 16% como “mau”) do que positivas (14% dizem que é “bom” e apenas 1% que é “muito bom”).

Governo não conclui legislatura

Perto de dois terços dos entrevistados (64%) antecipam que o executivo cairá antes do fim da legislatura e só 25% acreditam que chegará a 2028. Há 30% que admitem que o executivo irá governar entre um e dois anos, 29% que apontam para a queda em menos de um ano e 5% que vêem o Governo aguentar mais de dois anos.

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Sem surpresa, são os eleitores do PS e do Chega os menos convictos quanto à capacidade de o Governo durar: 75% dos eleitores socialistas e 71% dos eleitores do partido de André Ventura antevêem que o executivo não terminará a legislatura. Já no caso do eleitorado da AD, são 55% os que antecipam uma queda prematura do Governo.

O Cesop recorda que, ao cabo do primeiro mês de governação apoiada pela “geringonça”, em Dezembro de 2015, a maioria (52%) dos inquiridos também dizia que o primeiro Governo de António Costa não chegaria ao fim. No entanto, essa solução dispunha de apoio parlamentar maioritário na Assembleia da República.

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