A guerra das palavras que está a azedar a democracia

Pretender que o presidente da Assembleia da República tem de zelar pelas fronteiras da liberdade quando alguém está mortinho por as contestar é não perceber o logro.

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O mais evidente sinal de que a extrema-direita está a ganhar a batalha das ideias está na forma acossada como pôs todo o campo democrático, dos liberais aos sociais-democratas, a falar sobre as palavras. Não é que as palavras alguma vez tenham perdido papel para dar significados às coisas ou às próprias ideias. O problema é que a extrema-direita domina em absoluto a capacidade de determinar as palavras que se discutem. E, ao fazê-lo, consegue forçar a sua discussão a partir do extremo em que se coloca, destruindo a partir daí toda a margem para um debate saudável, com a abertura e a tolerância que distinguem os espaços da democracia. Se há alguma coisa que deve levar os democratas a sentirem-se manipulados, ou estúpidos, é essa extraordinária capacidade da extrema-direita para os pôr uns contra os outros, deixando um lastro de amargura e rancor que, tarde ou cedo, os há-de engolir.

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