Tropas ucranianas enfrentam escassez de artilharia e reduzem algumas operações

Segundo Tarnavskyi, brigadeiro-general do Exército ucraniano, as tropas estão cansadas, dada a insuficiente ajuda estrangeira. Escassez de cartuchos de artilharia entre os maiores problemas.

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As declarações sucedem o bloqueio da ajuda monetária dos Estados Unidos da América e da União Europeia Reuters/VALENTYN OGIRENKO

As tropas ucranianas enfrentam a escassez de cartuchos de artilharia e reduziram algumas operações militares devido à falta de assistência estrangeira, afirma Oleksandr Tarnavskii. O brigadeiro-general do Exército ucraniano, que liderou o último grande sucesso de Kiev no campo de batalha — a contra-ofensiva forçou as tropas russas a sair da cidade de Kherson e da margem ocidental do rio Dniepre em Novembro de 2022 — acrescentou que a escassez de cartuchos de artilharia era um “problema muito grande” e que a diminuição da ajuda militar estrangeira estava a ter um impacto no campo de batalha.

“Os volumes de que dispomos actualmente não são suficientes para nós, tendo em conta as nossas necessidades. Estamos a replanear as tarefas que estabelecemos e a reduzi-las porque precisamos de as assegurar”, explicou o militar, sem fornecer pormenores. As declarações sucedem-se ao bloqueio de um pacote de ajuda de 60 mil milhões de dólares (quase 55 mil milhões de euros) pelos legisladores republicanos dos Estados Unidos da América, a acrescentar à obstrução de 50 mil milhões de euros pela União Europeia, ajuda monetária bloqueada pela Hungria.

Os comentários de Tarnavskii sublinham a dependência de Kiev de ajuda militar ocidental naquele que é o maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Para a defesa dos crescentes ataques via drones, a Ucrânia está a aguardar a entrega de caças F-16, que, na visão do general, são “Mercedes comparados com um Zaporozhets [um velho carro soviético]”. Ainda assim, o mesmo general disse que as forças russas também enfrentam problemas de falta de munições, sem entrar em pormenores.

Neste momento, as forças ucranianas ainda esperam vitórias. “Em algumas áreas, passámos [para a defesa], e em outras continuamos as nossas acções ofensivas — através de manobras, fogo e avanços. E estamos a preparar as nossas reservas para novas acções em grande escala”, disse o mesmo general.

Por sua vez, a Rússia está na ofensiva no Leste, na tentativa de cercar a cidade estratégica de Avdiivka, cuja defesa é supervisionada por Tarnavskii. “A sua intenção [das forças russas] mantém-se. A única diferença é que as suas acções mudam, as tácticas mudam”, mas “os ataques são realizados constantemente”, afirma.

Em Avdiivka, a situação muda “todos os dias e todas as noites”, sendo que a alteração da táctica russa tem promovido “um sucesso parcial em algumas áreas”. Ainda assim, Oleksandr Tarnavskii partilha a firmeza com que as tropas ucranianas se mantêm. “Hoje, o inimigo está a pressionar-nos com os seus números.”

As condições de Inverno — o frio, a visibilidade reduzida e a falta de cobertura das árvores sem folhagem — são outro desafio, este para ambas as partes.

“Temos algumas dificuldades com o pessoal que temos na linha da frente. Sim, hoje não estão tão frescos, não estão tão descansados.” Kiev tem discutido formas de melhorar a legislação e todo o processo de recrutamento para o Exército, embora os pormenores ainda não sejam conhecidos.

A cidade de Avdiivka é vista como vital para o objectivo russo de conquistar o controlo total das duas províncias orientais de Donetsk e Luhansk — duas das quatro regiões ucranianas que a Rússia diz ter anexado, mas das quais não tem o controlo total.

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