Governo baixou previsão de crescimento para 2024. Marcelo diz que é “cuidadoso”

À margem da reunião do Grupo de Arraiolos, o Presidente da República considerou que rever em baixa para 1,5% no próximo ano “é cuidadoso para não correr riscos”.

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Presidente da República falou aos jornalistas no Porto, à margem do encontro do Grupo de Arraiolos EPA/JOSE COELHO

Marcelo Rebelo de Sousa considera que o Governo está a trabalhar no Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) com um “cálculo conservador” no que diz respeito à evolução da economia e afirma que a revisão em baixa do crescimento do PIB (produto interno bruto) para 1,5% constitui um valor “cuidadoso para não correr riscos” numa altura de incerteza na Europa.

Garantindo não conhecer os “números em pormenor” mas apenas “as grandes linhas” que foram esta sexta-feira apresentadas pelo Governo aos partidos com assento parlamentar, o Presidente da República foi parco em comentários.

À margem do encontro do Grupo de Arraiolos, no Porto, e em declarações transmitidas ao final da tarde pela RTP3, Marcelo lembrou que a “conjuntura internacional ainda muito indefinida” faz com que só lá para o final deste ano “perceberemos se a Europa sai do não crescimento em que está agora”, o que dificulta necessariamente a preparação do OE2024: “O cálculo para o ano que vem é complicado.”

“Se sai [do não crescimento] até Janeiro ou se não sai. Se não sair, prejudica o nosso crescimento”, reforçou o chefe de Estado, considerando que o executivo socialista, ao trabalhar na preparação do orçamento com uma estimativa de 1,5% de crescimento económico, está a “apresentar cálculo conversador à espera que a Europa cresça”.

“É cuidadoso, 1,5% é cuidadoso para não correr riscos”, vincou.

Esta declaração de Marcelo Rebelo de Sousa, como o próprio sublinhou, teve na base a cautela evidenciada pelo governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, quanto ao cenário de incerteza que o bloco da moeda única atravessa, em particular a evolução da economia alemã (considerada o "motor" da zona euro).

Caso a Alemanha consiga chegar ao final do ano com perspectivas positivas, “isso quer dizer que facilita o nosso crescimento”, mas se tal não se verificar irá “dificultar o nosso crescimento”, notou o Presidente.

Esta mesma semana, o Banco de Portugal reviu em baixa a previsão de crescimento da economia no próximo ano de 2,4% (projecção de Junho) para 1,5%, precisamente o valor estimado no OE2024 pelo ministro das Finanças Fernando Medina. No Programa de Estabilidade enviado em Abril para Bruxelas, o Governo apontava a um aumento do PIB de 2% no próximo ano.

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